O que dizem cordelistas sobre o gênero discursivo que produzem?

Uma análise a partir de reflexões metalinguísticas sobre aspectos composicionais do cordel

Autores

  • July Rianna de Melo Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru – PE - Brasil https://orcid.org/0000-0002-1779-7672
  • Alexsandro Silva Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru – PE - Brasil https://orcid.org/0000-0002-1943-8227
  • Ana Maria de Oliveira Galvão Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Educação, Belo Horizonte – MG - Brasil https://orcid.org/0000-0001-9063-8267

DOI:

https://doi.org/10.1590/1981-5794-e12861

Palavras-chave:

Literatura de Cordel, Letramento, Escolarização, Verbalização.

Resumo

Este artigo objetiva analisar os dizeres de cordelistas acerca das dimensões composicionais (rima e métrica) do gênero cordel. Para tanto, apoiamo-nos, por um lado, em discussões teóricas sobre gêneros discursivos e literatura de cordel e, por outro, em construtos teóricos do campo da consciência metalinguística e, em particular, da consciência metatextual. Foram selecionados como participantes desse estudo seis poetas, com idades e tempos de escolarização distintos, com os quais foram realizadas entrevistas metalinguísticas, cujos dados foram tratados à luz da análise temática de conteúdo. Os resultados revelaram que os cordelistas eram altamente sensíveis às regras de rima e que, no caso dos poetas mais experientes e menos escolarizados, as lógicas do oral e da performance pareciam ser mais importantes que uma obediência estrita a padrões rímicos pré-determinados. Com relação à métrica, percebemos que certos preceitos eram de difícil verbalização, mesmo para aqueles cordelistas com maior nível de escolaridade. Além disso, alguns poetas menos escolarizados recorriam predominantemente ao recurso do “canto” para se certificar de que os versos estavam metrificados. Desse modo, concluímos que, mesmo quando não eram capazes de verbalizar aspectos composicionais dos cordéis, os poetas – inclusive os pouco escolarizados – engajavam-se em um complexo e sofisticado processo de reflexão metalinguística. 

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Biografia do Autor

July Rianna de Melo, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru – PE - Brasil

Graduada (2015) em Pedagogia, mestra (2017) e doutoranda (2019) em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Em 2014, realizou intercâmbio na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, em Portugal. Atualmente, é pedagoga da Universidade Federal de Pernambuco, onde atua no Setor de Assistência Estudantil. Tem experiência na área de Educação, concentrando-se, principalmente, no estudo de temas relativos à alfabetização e ao letramento.

Alexsandro Silva, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico do Agreste, Caruaru – PE - Brasil

Graduado em Pedagogia (2000), mestre (2003) e doutor (2008) em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, com período sanduíche no Institut National de Recherche Pédagogique (INRP) - Paris (2007). Pós-doutor, na área de Didática da Língua, pela Université Sorbonne-Nouvelle - Paris 3 , em Paris (2015-1016). Atualmente, é Professor Associado 2 do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, onde atua no curso de graduação em Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea. É também docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação e membro do Centro de Estudos em Educação e Linguagem - CEEL da mesma universidade. Participa dos grupos de pesquisa Didática da Língua Portuguesa, Práticas de Leitura e Escrita na Educação Infantil, ambos da UFPE, e Tecnologias, Culturas e Linguagens, da UEPB. Tem experiência na área de Educação, dedicando-se, principalmente, ao estudo de temas relativos ao ensino e à aprendizagem da língua portuguesa, como alfabetização, leitura, escrita e reflexão sobre a língua.

Ana Maria de Oliveira Galvão, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Educação, Belo Horizonte – MG - Brasil

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco (1990), mestra (1994) e doutora (2000) em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde atua na graduação e na pós-graduação (Mestrado e Doutorado). Realizou estágio-sanduíche no Institut National de Recherche Pédagogique, na França, e pós-doutorado/estágio sênior na Northern Illinois University, Estados Unidos. Seus interesses concentram-se nas áreas de história da cultura escrita, história da educação e metodologia da pesquisa.

Publicado

18/11/2020

Como Citar

MELO, J. R. de .; SILVA, A.; GALVÃO, A. M. . O que dizem cordelistas sobre o gênero discursivo que produzem? Uma análise a partir de reflexões metalinguísticas sobre aspectos composicionais do cordel. ALFA: Revista de Linguística, São Paulo, v. 64, 2020. DOI: 10.1590/1981-5794-e12861. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/12861. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos Originais