“Virada moral” e entextualização do homossexual como pedófilo em falas de Bolsonaro no congresso (2000 a 2018)
DOI:
https://doi.org/10.1590/1981-5794-e17547Palavras-chave:
bolsonarismo, análise qualiquantitativa, extrema direita, discurso de ódioResumo
No presente artigo, reportamos sobre uma pesquisa qualiquantitativa em 922 pronunciamentos — notas taquigráficas — do Deputado Federal Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados no período de 2000 a 2018. Como objetivos, pretendemos analisar (i) a presença de itens lexicais religiosos e militares na retórica do ódio bolsonarista ao longo desse recorte cronológico e (ii) a “virada moral” no discurso político do parlamentar, quando, a partir de 2011, passa a associar a homossexualidade à pedofilia. Para tanto, ancoramo-nos em uma metodologia de análise lexical, aproximando a Linguística de Corpus da Antropologia Linguística. Nesse intuito, distribuímos os dados em dois subcorpora, de 2000 a 2010 e de 2011 a 2018, tendo como parâmetro, em um primeiro momento, descrever o contraste diacrônico nas ocorrências de 20 palavras-chave, divididas em dez para o Discurso religioso e dez para o militar, e, em um segundo, explicar o funcionamento da entextualização do signo “pedofilia” na (re) organização da relação entre discurso de ódio, homofobia e pânico moral nas falas do político. Os pronunciamentos foram processados no programa AntConc e no Excel. A partir de 2011, o Discurso bolsonarista se associa ao moralismo religioso, equilibrando o uso de léxicos do Discurso ultraconservador militar e do Discurso fundamentalista cristão.
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