Um estudo de preposições em contexto de construções de verbo auxiliar

Resumo

Neste artigo, descrevemos e analisamos construções da língua portuguesa formadas por verbo auxiliar + preposição + infinitivo, as quais são aqui abordadas num viés pancrônico, pautado numa concepção cognitivista e multissistêmica de língua(gem). Nosso objetivo maior consiste em explicar por que, em algumas dessas construções, a preposição tende a ser apagada, sobretudo em contextos de oralidade, sem que tal apagamento resulte em prejuízo para a boa formação da sentença, enquanto em outras o liame preposicional deve obrigatoriamente se interpor entre o verbo auxiliar e a forma nominal de infinitivo, sob pena de se comprometer a boa formação do composto. No entorno dessa questão maior, buscamos ainda descrever que tipo de preposição ocorre nessas construções, a correlação entre o tipo de preposição e a função gramatical (aspecto, tempo, modalidade) codificada pela construção, além de identificar fatores determinantes da presença da preposição nesses contextos. Os resultados obtidos acusam que apenas quatro preposições essenciais altamente gramaticalizadas podem ocorrer neste contexto sintático e que elas são herdadas do contexto de reanálise da construção, majoritariamente ligado a um ambiente sintático de finalidade. A opcionalidade da preposição no contexto é restrita à preposição A e determinada por fatores ligados a questões fonológicas, prosódicas, morfológicas e semânticas.