Neguentropia e surrealismo. Uma leitura de Nadja, de André Breton

Autores

  • Carlos Eduardo Monte Doutorando em Estudos Literários. UNESP – Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Ciências e Letras. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários. Araraquara - SP – Brasil.

Palavras-chave:

André Breton, Surrealismo, Alto Modernismo, Jean- Paul Sartre,

Resumo

Nadja (1928), do francês André Breton, guarda a condição de haver realizado, estética e semanticamente, as propostas advindas dos Manifestos Surrealistas, sobretudo ao de 1924, espécie de documento fundador do movimento. A inspirada peroração de Breton, no plano artístico, volta-se contra os romances descritivos e empolados, claudicados à ideia de ilusão da representação, enquanto, no plano social, contesta a percepção da realidade como uma verdade suprassensível, pelo viés do trabalho e ideia de progresso, excluindo o louco do seio social e trancafiando-o em verdadeiro inferno kafkiano, material e conceitualmente. Como uma espécie de alteridade, o protagonista de Nadja, leitor de Nietzsche, será um flanêur amplamente consciente; caberá a ele estabelecer a medida em que ideias como: livre associação, simplicidade infantil e a coerência na loucura, devam ser (re)consideradas, determinantes de uma nova percepção do mundo, para Breton, muito mais fiel à terra que as metanarrativas estruturais do Ocidente. Em oposição aos homens-utensílios, descritos por Sartre, em Aminadab (1947), como aqueles que se entregam à vida tediosa/utilitária, o protagonista de Breton exerce o que pode ser classificado como um verdadeiro contraponto, pela moral de resistência, dando ao Surrealismo o múnus neguentrópico do Modernismo, como uma espécie de suspiro derradeiro.

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Publicado

25/05/2017

Edição

Seção

Artigos