A crise da política e a irrupção da “violência de ódio difusa”
Autores
Ana Paula Silva
FACCAT – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis. Tupã – SP. Brasil.
Palavras-chave:
Violência de ódio difusa, Crise da política, Capitalismo flexível,
Resumo
O conceito de “violência de ódio difusa” é definido aqui como uma multiplicidade de atos vinculados à intolerância e que possuem diversas motivações, gerados como consequência da crise da política e do enfraquecimento da cidadania. Para trabalhar este tema, pretende-se desenvolver duas dimensões: uma teórica e outra histórica. A primeira envolve a concepção da filosofia política de Hannah Arendt, de que a violência é o oposto do poder, compreendendo este como ação política concertada. Tal concepção contribui para o entendimento de que este tipo de violência pode ser caracterizado pela construção de um autoritarismo destrutivo. Além disto, esse axioma arendtiano é reforçado, posteriormente, por Michel Wieviorka (2013) ao diferenciar metodologicamente a noção de conflito social da de violência. Semelhante abordagem permite a esse artigo estabelecer uma relação entre as transformações históricas do capitalismo e a violência de ódio difusa. A adoção da perspectiva histórica também é importante porque atualiza o debate iniciado com Hannah Arendt e Erich Fromm. Assim, sustenta-se que o caráter múltiplo e difuso da violência está relacionado à fragmentação do capitalismo flexível, em que o Estado não tem mais a força que teve de tornar homogêneo um discurso e uma identidade nacional.