O verbo ‘dar para’ como expressão de modalidade no português brasileiro

um estudo a partir da cartografia sintática e da semântica formal

Autores

  • Luiz Fernando Ferreira Universidade Federal de Roraima (UFRR), Centro de Comunicação, Letras e Artes Visuais, Boa Vista, RR, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7120-0171
  • Núbia Ferreira Rech Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Comunicação e Expressão, Instituto de Letras, Florianópolis, SC, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.1590/1981-5794-e19046

Palavras-chave:

Dar para, Modalidade raiz, Modalidade, Cartografia Sintática, Semântica Formal

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar usos modais do verbo ‘dar para’ do português brasileiro sintática e semanticamente, fundamentando a análise na cartografia sintática (Cinque, 1999, 2006; Cinque; Rizzi, 2008) e na semântica formal (Kratzer, 1977, 1991). Empregamos dois procedimentos metodológicos: (i) coleta e análise de 125 dados espontâneos da internet (na rede social X e sites de notícias) e (ii) elaboração de testes seguindo o método da introspecção. Na literatura, ‘dar para’, em seu uso modal, é analisado como verbo quase-auxiliar (Salomão, 2008; Souza, 2016), verbo pleno (Duarte, 2012; Souza, 2016) e verbo auxiliar (Coelho; Silva, 2014). Semanticamente, ‘dar para’ é tratado como um verbo fraco (Oliveira, 2001), que expressa modalidade epistêmica (Duarte, 2012; Coelho; Silva, 2014), modalidade facultativa (Souza, 2016) e modalidade raiz e deôntica (Veloso, 2007). Em nossa análise, mostramos que ‘dar para’ é um verbo funcional, que denota modalidade raiz fraca, expressando, preferencialmente, a modalidade circunstancial e, menos frequentemente, as modalidades deôntica e teleológica. Ele se diferencia sintaticamente dos verbos funcionais modais ‘poder’, ‘dever’ e ‘ter que’, por não favorecer o alçamento para a posição de sujeito e, semanticamente, por ser mais restrito em relação aos tipos de modalidade que expressa.

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Biografia do Autor

Luiz Fernando Ferreira, Universidade Federal de Roraima (UFRR), Centro de Comunicação, Letras e Artes Visuais, Boa Vista, RR, Brasil.

Sou professor de Linguística e Língua Portuguesa dos cursos de Letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Possuo bacharelado em Linguística e Português e licenciatura em Português pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Durante a graduação, fiz uma iniciação científica para estudar a língua indígena Karitiana. A princípio, essa iniciação foi sem bolsa e depois consegui uma bolsa FAPESP. Fiz uma segunda Iniciação para estudar essa mesma língua com bolsa CNPq. Logo após me graduar em 2015, entrei para o mestrado em Linguística no Departamento de Linguística da FFLCH/USP. Continuei estudando a semântica do Karitiana e também entrei em projetos de curso de extensão que estabeleciam um diálogo entre linguística e educação. Durante o mestrado, tive bolsa CAPES e defendi em 2017 entrando no doutorado logo em seguida. Terminei meu doutorado em 2022 com bolsa CNPq no Departamento de Linguística da USP. Entre 2019 e 2020, fiz o doutorado sanduíche na MIT com bolsa CAPES. Os principais campos que atuei na minha carreira são a Sintaxe, Semântica, Pragmática e o estudo de Línguas Indígenas. Durante esses 10 anos que trabalho com pesquisa linguística, trabalhei os seguintes temas: Modo, Modalidade, Tempo, Aspecto, Contrafactualidade, Coesão, Coerência, Metáforas, Sintagma nominal, Subordinação, Construções de discurso indireto e Metodologias Ativas voltadas para o ensino de português.

Núbia Ferreira Rech, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Comunicação e Expressão, Instituto de Letras, Florianópolis, SC, Brasil.

Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997). Mestre em Teoria e Análise Linguística pela mesma instituição (2005). Doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). Fez Pós-doutorado na Universidade Federal do Paraná (2017). É professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, investigando principalmente os seguintes temas: núcleos funcionais indicadores de modo, modalidade, tempo e aspecto. Atualmente, tem pesquisado marcas de modalidade em línguas indígenas da família Aruak: Paresi e Wapichana, no português brasileiro e no Lungle língua crioula de origem portuguesa falada na Ilha de Príncipe. Foi subcoordenadora, no biênio 2018-2020, do Grupo de Trabalho em Teoria da Gramática da ANPOLL (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística; http://anpoll.org.br/gt/teoria-da-gramatica-gttg/). 

Publicado

24/09/2025

Como Citar

FERREIRA, L. F.; RECH, N. F. O verbo ‘dar para’ como expressão de modalidade no português brasileiro: um estudo a partir da cartografia sintática e da semântica formal. ALFA: Revista de Linguística, São Paulo, v. 69, 2025. DOI: 10.1590/1981-5794-e19046. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/19046. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos Originais