“O Brasil no original” (1937)
Ensaio sobre o negacionismo da violência bandeirante do século XVII e XVIII
DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17386Palavras-chave:
Representação, História, BandeirismoResumo
Ao contribuir com estudos sobre o período que vai de 1930 até 1945, este artigo apresenta o ideário do Movimento Bandeira, o qual é posto como uma das propostas políticas que se lançaram na disputa pelo poder. Discutimos a atuação de Cassiano Ricardo como líder dos “novos bandeirantes” e, de que forma, esse intelectual ressignificou o “símbolo bandeirante” e os enunciados literários Modernistas para suprir as necessidades do seu campo político na década de 1930. Constatamos que ao se apropriar politicamente das Bandeiras do século XVII e XVIII, esse intelectual realizou algo próximo ao que autores como Pierre Vidal-Naquet (1988), Enzo Travesso (2004), Luís Edmundo de Souza Moraes (2011), Denise Rollemberg e Janaina Martins Cordeiro (2021) chamam de revisionismo-negacionista. Para desenvolvermos nosso argumento faremos a leitura do manifesto do Movimento bandeira e do ensaio O Brasil no Original (1937) para demonstrarmos como essa apropriação minimizou a ação violentas dos bandeirantes em prol de uma suposta construção da Nação brasileira.
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