As carreiras da cloroquina e da hidroxicloroquina como medicamentos “milagrosos” contra a Covid-19

narrativas da França e do Brasil

Autores

  • Luiz Villarinho Pereira Mendes Department of Medicines Policies and Pharmaceutical Services (NAF) of the Sergio Arouca National School of Public Health - Oswaldo Cruz Fondation (ENSP/Fiocruz), RJ, Brazil https://orcid.org/0000-0002-9027-0287
  • Claudia Garcia Serpa Osorio-de-Castro Department of Medicines Policies and Pharmaceutical Services (NAF) of the Sergio Arouca National School of Public Health - Oswaldo Cruz Fondation (ENSP/Fiocruz), RJ, Brazil https://orcid.org/0000-0003-4875-7216
  • Marilena Correa Institute of Social Medicine of the State University of Rio de Janeiro (IMS/ UERJ), RJ, Brazil https://orcid.org/0000-0003-1742-8639
  • Ilana Löwy Centre de recherche médecine, sciences, santé, santé mentale, Société (CERMES3) à l’Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM) Paris, France https://orcid.org/0000-0001-6963-0578

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v29i2.18976

Palavras-chave:

Hidroxicloroquina, Estudos Sociais da Ciência, Controvérsias científicas, Trajetória de medicamentos, COVID-19

Resumo

No início de janeiro de 2024, um artigo amplamente divulgado na revista Biomedicine and Pharmacology estimou que aproximadamente 17.000 pacientes com COVID-19 na França, Itália, Espanha, Turquia e EUA morreram como resultado do tratamento com hidroxicloroquina. A publicação deste artigo é um desfecho adequado para quase três anos de controvérsia sobre o possível uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar a COVID-19. Reposicionados no início de 2020 como resposta milagrosa à pandemia de COVID-19, esses medicamenos tiveram um breve momento de celebridade mundial, apesar de dúvidas expressas por muitos especialistas quanto à sua eficácia e segurança. A carreira da hidroxicloroquina se encerraria na França em setembro de 2020, quando uma série de ensaios clínicos mostraram não apenas a ineficácia no tratamento da COVID-19, mas também reações adversas. No entanto, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina continuou no Brasil, onde o governo continuou a promovê-lo como a primeira opção terapêutica contra a COVID-19. Com base na metodologia desenvolvida pelos estudos sociais da ciência, nosso artigo reconstrói as trajetórias da hidroxicloroquina na França e no Brasil. O objetivo é elucidar as razões para a exceção brasileira, iluminando as consequências desastrosas do exercício de um poder político monolítico e de práticas antidemocráticas na regulação de medicamentos. Propõem-se novas reflexões sobre um tópico que tem sido visível na mídia e amplamente discutido na sociedade, mas que atraiu muito menos atenção na esfera acadêmica.

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Publicado

01/11/2024

Como Citar

MENDES, L. V. P.; OSORIO-DE-CASTRO, C. . G. S.; CORREA, M.; LÖWY, I. As carreiras da cloroquina e da hidroxicloroquina como medicamentos “milagrosos” contra a Covid-19: narrativas da França e do Brasil. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 29, n. 2, 2024. DOI: 10.52780/res.v29i2.18976. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/18976. Acesso em: 9 dez. 2024.