Literatura e tempo midiático
Palavras-chave:
Literatura, Midiatização, Temporalidade,Resumo
A partir do exame de valores da nossa modernidade, quando a imaginação técnica passou a perfilar, em forma e fundo, narrativas literárias entusiastas do tempo presente e da vida acelerada pela máquina (notadamente a do cinematógrafo), este artigo busca analisar, na contemporaneidade, o modo como a ambiência das mídias é apropriada por alguns textos da literatura brasileira, cujo movimento mimético em face dos dispositivos de enunciação dos aparatos midiáticos revela-se não mais apelo filoneísta – como na Belle Époque – mas antiutopia da cultura da rapidez e do acúmulo. O trabalho investiga, em textos principalmente de Moacir Scliar, Luiz Ruffato e Michel Melamed, registros de um tempo literário caracterizado pelo imediatismo, simultaneidade, fluidez e ilusão do programável, que permite aos narradores e outros sujeitos textuais constantes avanços e recuos temporais, sintomas de obsessão mnêmica e de ansiedade pelo porvir. Colocado em tensão na economia intempestiva de formas literárias híbridas e breves – nas quais rapidez e concisão resultam de uma busca por construção intensa e memorável – o “tempo real” das mídias eletrônicas e digitais é desvelado, em alguns desses textos, como estratégia técnico-mercantil, em que a vida vertiginosa torna-se, sem propósito algum, processo de substituição anestesiante.
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