O sotão de Virgina Woolf
um diálogo com a loucura feminina?
Palavras-chave:
Loucura feminina, Virginia Woolf, Gênero, Crítica feminista, Literatura modernaResumo
Este artigo analisa a representação da loucura feminina no romance Mrs. Dalloway (2006), de Virginia Woolf, à luz das articulações entre subjetividade, gênero e discurso médico-social. Ao empregar a técnica do fluxo de consciência e fragmentar a linearidade temporal, Woolf não apenas subverte as convenções do romance tradicional, como também confere centralidade à vida interior de personagens cuja experiência psíquica desafia os limites da racionalidade normativa. A investigação propõe que a autora ressignifica a loucura como campo de disputa simbólica e crítica à ordem patriarcal, evidenciando como a saúde mental feminina foi historicamente marginalizada e patologizada. Através das trajetórias de Clarissa Dalloway e Septimus Warren Smith, o romance revela as tensões entre identidade, sanidade e conformidade social, problematizando os dispositivos de controle que incidem sobre os corpos e mentes dissidentes. Assim, o trabalho defende que a literatura de Woolf constitui um gesto ético e estético de insurgência, recusando a associação entre escrita feminina e destino trágico. A análise se ancora em referenciais teóricos como Elaine Showalter e Michel Foucault, contribuindo para uma compreensão ampliada do papel da literatura na construção e contestação de regimes de verdade sobre o feminino e a loucura.
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