Texturas de vida

territórios sonoros e naturocultura em deriva pelos "Kew Gardens"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.58943/irl.v1i61.20743

Palavras-chave:

Virginia Woolf, Arqueologia da mídia, Naturocultura, Território, Estudos sonoros

Resumo

Este artigo apresenta uma leitura do conto “Kew Gardens” (1919), de autoria da escritora inglesa Virginia Woolf, levando em conta pressupostos dos estudos sonoros, da crítica literária, da arqueologia da mídia e das humanidades ambientais. Primeiramente, é posto que os Royal Botanic Gardens, Kew, jardins botânicos e micológicos em Londres que dão nome ao conto e que remontam a expedições coloniais e imperialistas britânicas, aparecem como palco histórico para experimentações sociais e, através de sua ficcionalização nas mãos de Woolf, literárias. Este trabalho postula, apoiado em Haraway (2008) e Puig de la Bellacasa (2010), que a narradora de Woolf edita a representação de uma naturocultura das primeiras décadas do século XX, ao justapor sem distinção seres vivos à ruidosa presença do maquinário industrial humano, por meio de uma perspectiva narrativa em movimento que aproxima e distancia os transeuntes em deriva dos habitantes não-humanos que ali vivem. Por fim, propõe-se uma análise da construção formal do texto ficcional por meio da leitura atenta de passagens de “Kew Gardens” com amparo na arqueologia da mídia de Ernst (2016) e Kittler (2019) e nas noções de politextura sonora e literária, de Cuddy-Keane (2000) e de territórios performativos, de Despret (2022).

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Publicado

17/12/2025