Herberto Helder e o tradutor libertino
Palavras-chave:
Tradução, Libertinagem, Linguagem, Poesia, LeituraResumo
A tradução é uma tarefa inquietante, como já pensava Walter Benjamin no célebre ensaio “A tarefa do tradutor”. Marcado, por um lado, pela alteração da língua de partida e, por outro, pela interferência provocada na língua de chegada, o ato de traduzir será, portanto, portador de uma força de renovação. O poeta português Herberto Helder dedicou vários livros à tradução, sendo que num deles faz constar um poema originalmente em português, mas que apresenta, entretanto, uma forte dicção estrangeira por ter sido escrito por um poeta italiano. A dita tradução de tal poema é considerada, segundo Herberto Helder, um ato de libertinagem, já que o que está em jogo é o confronto entre línguas, fazendo com que o poeta se identifi que a um determinado idioma que será modifi cado a partir do contato com o estrangeiro. E é pela via desse contato íntimo e “libertino” que a poesia terá muito a aprender com a tradução. A promiscuidade entre a língua natal e a estrangeira aponta para uma contaminação, já que idioma poético se constitui como alteração e celebração da língua materna.
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