Revisões do passado, reconstruções do presente: discurso feminino e história nas obras de Gioconda Belli

Autores

  • Ana Cristina dos Santos UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Letras – Departamento de Letras Neolatinas. Rio de Janeiro – RJ – Brasil. 20550-900

Palavras-chave:

Narrativa hispano-americana, Escrita feminina, Metaficção historiográfica, Identidade,

Resumo

O presente trabalho analisa a releitura da História na literatura escrita por mulheres e verifica como essa releitura reordena e completa o passado, favorecendo a reconstrução identitária dos sujeitos históricos femininos (CUNHA, 2004). A partir do questionamento da historiografia oficial (BENJAMIN, 1994) e dos conceitos de metaficção historiográfica (HUTCHEON, 1991), analisam-se as obras El pergamino de la seducción (2005) e El infinito en la palma de la mano (2008) da escritora nicaraguense Gioconda Belli. As narrativas recontam os fatos históricos desde uma perspectiva feminina ao dar voz a duas personagens ex-cêntricas, a rainha Joana I de Castilha e Eva, a primeira mulher. Ao dialogar com a História, as narrativas problematizam o passado histórico e contribuem para desarticular as categorias conceituais de verdade, discurso e identidade. Também contestam as formas de representação das personagens na historiografia e reafirmam a individualidade feminina em um mundo dominado pelo masculino. Assim, as personagens fogem do estereótipo feminino que prima pela submissão à voz masculina e pela negação do conhecimento e do poder. As obras revelam uma intervenção transgressora à história oficial: devolvem às figuras femininas de Joana e Eva o lugar que a História e a sociedade lhes recusaram, reconstruindo o discurso historiográfico oficial.

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Publicado

01/03/2016

Edição

Seção

Literaturas de língua espanhola