O não-lugar do retirante nordestino em Essa terra, de Antônio Torres

Autores

  • Rogério Gustavo Gonçalves UNESP – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho − Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Programa de Pós-Graduação em Letras do Departamento de Estudos Literários − São José do Rio Preto – SP

Palavras-chave:

Antônio Torres, Espaço, Identidade, Memória, Migração,

Resumo

Este artigo analisa, no romance Essa terra, de Antônio Torres, a trajetória do personagem Nelo, que migra para São Paulo em busca de oportunidades de ascensão social, retornando vinte anos mais tarde à terra natal, no sertão baiano, onde termina por se suicidar. A partir da consideração da história individual desse personagem como representação de uma coletividade, o estudo aborda a visão pessimista que o romance transmite da condição do retirante nordestino, para o qual não há lugar na sociedade. A narrativa problematiza a situação do sertanejo que procura, na fuga para as metrópoles, um meio de escapar da seca e da miséria. Por outro lado, focaliza também as circunstâncias decorrentes do processo migratório, como a marginalização do nordestino pobre no espaço urbano. São avaliadas, ainda, no percurso do personagem, as consequências psicológicas do processo de influência sociocultural sofridas por ele a partir do contato com outra realidade, como a impossibilidade de readaptação ao lugar de origem. Essa relativização do espaço, ao figurar Nelo num estado de desterritorialização em relação ao sertão e não pertencimento em relação à cidade, situa-o numa espécie de zona limiar, desencadeando a crise identitária e o consequente suicídio do personagem.

Biografia do Autor

Rogério Gustavo Gonçalves, UNESP – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho − Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Programa de Pós-Graduação em Letras do Departamento de Estudos Literários − São José do Rio Preto – SP

GRADUADO EM LETRAS PELA UNESP-SJ RIO PRETO EM 2006 MESTRE EM TEORIA LITERÁRIA EM 2010 E DOUTOR EM TEORIA LITERÁRIA EM 2014, PELA MESMA INSTITUIÇÃO

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Publicado

17/01/2018

Edição

Seção

Fronteiras e deslocamentos na literatura brasileira