Carolina Maria de Jesus: catando relatos para escrever o cotidiano de quem vive à margem
DOI:
https://doi.org/10.32760/1984-1736/REDD/2022.v14i2.18865Palavras-chave:
Carolina Maria de Jesus, modernidade/colonialidade, saberes localizadosResumo
Este artigo parte dos diários de Carolina Maria de Jesus reunidos e publicados nos livros Quarto de despejo: diário de uma favelada e Casa de alvenaria volumes I e II, para pensar a concepção de modernidade/colonialidade pelo viés da contribuição filosófica decolonial. Por meio dos relatos cotidianos da autora registrados em diários que retratam aspectos periféricos da metrópole paulistana nas décadas de 1950 e 1960, buscamos evidenciar como o projeto de nação brasileiro foi pensado a partir da premissa do extermínio da população negra. Ao passo que a ausência de enfrentamento do problema da colonialidade nas ciências humanas e sociais no Brasil, até meados do século XX, impôs ao olhar científico a predominância de explicações de base culturalista que não consideravam as marcas da escravidão como fator estruturante das desigualdades no país. Nesse sentido, os diários de Carolina Maria de Jesus podem ser compreendidos como clássicos da literatura e das ciências humanas e sociais brasileira, consistindo em um documento que possibilita vislumbrar a conformação do projeto de modernidade no contexto brasileiro por uma perspectiva de baixo, enquanto registros das condições de existência daquelas/us/es que historicamente permaneceram à margem. Portanto, os diários de Carolina Maria de Jesus podem contribuir para o entendimento das reverberações e atualizações do projeto de Estado nacional brasileiro baseado na discriminação racial que fundamenta a lógica da modernidade/colonialidade.
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