A atualidade das canções críticas do Clube da Esquina à ditadura militar
Tempo espetacular, rememoração e resistência
DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v27i00.14267Palavras-chave:
Clube da Esquina, Ditadura militar, Sociedade do espetáculo, Rememoração, ResistênciaResumo
Este artigo pretende situar o Clube da Esquina como produtor cultural de canções críticas à ditadura militar nos anos 1970 e examinar, em conformidade com o conceito de rememoração de Walter Benjamin, a validade delas no momento atual como resistência à produção da amnésia social sobre esse regime, no contexto do tempo espetacular, como conceituado por Guy Debord. Emprega-se o método dialético da teoria crítica da sociedade, pois se pesquisa o objeto em situações históricas específicas. Nas canções do Clube da Esquina, o recurso à memória do sujeito narrativo sobre a repressão e as vítimas da ditadura militar tornava-se uma estratégia de preservar a história do país. Ainda que a crítica ao regime estivesse sob censura, evitar o esquecimento do que passou era uma possibilidade de contestar o que estava sendo feito, de pensar a transformação da sociedade e de se projetar para o futuro como documento histórico.
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