A memória e o negacionismo

Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110

Palavras-chave:

Sociologia histórica, Memória coletiva, Identidades, 1968, Negacionismo

Resumo

Neste artigo, analisamos os fundamentos da sociologia histórica e sua pertinência no estudo da memória coletiva, de modo a elucidar a compreensão do negacionismo e sua incorporação na pesquisa sociológica. Inicialmente, confrontamos a tradição conflitiva da sociologia e resgatamos a formulação da memória individual e coletiva, estabelecendo um ponto de contato entre a macroestrutura e suas microrrelações sociais. A partir disso, identificamos como a concepção de negacionismo pode ser compreendida discursivamente, por meio das disputas pela significação da memória, ainda que em termos de uma apropriação manipuladora e política que se diferencia significativamente do revisionismo histórico. Finalmente, apresentamos alguns resultados de nossa pesquisa sobre a memória e a política de 1968, com vistas a interpretar como o negacionismo se erige na disputa pela memória do passado recente, demarcando um lugar de falseamento e ludibrio da opinião pública.

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Biografia do Autor

Pablo Emanuel Romero Almada, Universidade Estadual Paulista

Pós-doutorando, Núcleo de Estudos da Violência. Doutorado em Democracia no Século XXI (CES-UC, Portugal).

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Publicado

01/08/2023

Como Citar

ALMADA, P. E. R. A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp.1, p. e023009, 2023. DOI: 10.52780/res.v28iesp.1.16110. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/16110. Acesso em: 27 dez. 2024.