A memória e o negacionismo

Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.16110

Palavras-chave:

Sociologia histórica, Memória coletiva, Identidades, 1968, Negacionismo

Resumo

Neste artigo, analisamos os fundamentos da sociologia histórica e sua pertinência no estudo da memória coletiva, de modo a elucidar a compreensão do negacionismo e sua incorporação na pesquisa sociológica. Inicialmente, confrontamos a tradição conflitiva da sociologia e resgatamos a formulação da memória individual e coletiva, estabelecendo um ponto de contato entre a macroestrutura e suas microrrelações sociais. A partir disso, identificamos como a concepção de negacionismo pode ser compreendida discursivamente, por meio das disputas pela significação da memória, ainda que em termos de uma apropriação manipuladora e política que se diferencia significativamente do revisionismo histórico. Finalmente, apresentamos alguns resultados de nossa pesquisa sobre a memória e a política de 1968, com vistas a interpretar como o negacionismo se erige na disputa pela memória do passado recente, demarcando um lugar de falseamento e ludibrio da opinião pública.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pablo Emanuel Romero Almada, Universidade Estadual Paulista

Pós-doutorando, Núcleo de Estudos da Violência. Doutorado em Democracia no Século XXI (CES-UC, Portugal).

Referências

ABRAMS, P. Historical Sociology. New York: Cornell University Press, 1983.

ALMADA, P. E. R. 1968 e a teoria social contemporânea, 50 anos depois: rebelião social, fragmentação ou nova cultura política? Sociologias, v. 22, n. 55, p. 200-227, 2020a. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/s3hLRnBpXjG9ZbtNKcnXnZp/abstract/?lang=pt. Acesso em: 10 maio 2022.

ALMADA, P. E. R. O Imaginário revolucionário dos anos 1960 em Tigre en Papier, de Olivier Rolin, e em A Casa, de Pepetela. Itinerários, Araraquara, n. 50, p. 169-188, 2020b. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/view/13652. Acesso em: 17 maio 2022.

ALMADA, P. E. R. Repensando as interpretações e memórias de 1968. Tempo Social, v. 33, n. 1, p. 225-243, 2021a. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/168872. Acesso em: 17 maio 2022.

ALMADA, P. E. R. O Negacionismo na oposição de Jair Bolsonaro à Comissão Nacional da Verdade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 36, n. 106, 2021b. Disponível: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/CZWVW6TYjyzGpPnYG9Nnyfr/?lang=pt. Acesso em: 17 maio 2022.

ARENDT, H. Crises da República. São Paulo: Editora Perspectiva, 2008.

AUDIER, S. La pensée anti-68. Essai sur les origines d’une restauration intellectuelle. Paris: La Découverte, 2008.

BOURDIEU, P. Razões Práticas: Sobre a teoria da ação. Campinas, SP: Papirus, 1996a.

BOURDIEU, P. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996b.

BOURDIEU, P. A ilusão biográfica. In: AMADO, J.; FERREIRA, M. M. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

CAPELATO, M. H. R. História do Brasil e Revisões Historiográficas. Anos 90, Porto Alegre, v. 23, n. 43, p. 21-37, 2016. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/63852. Acesso em: 13 jun. 2022.

CHAKRABARTY, D. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press, 2001.

COLLINS, R. Quatro Tradições Sociológicas. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009.

CORRÊA, E. Q. O Partido Maldito: conselhistas, autonomistas e pró-situacionistas em Portugal (1968-1979). 2021. 420 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais.) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2021.

FOUCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2020.

HALBWACHS, M. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2004.

MARX, K. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.

MELO, D. B. Revisão e revisionismo na historiografia contemporânea. In: MELO, D. B. (org.). A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência, 2014.

MONSMA, K.; SALLA, F. A.; TEIXEIRA, A. A Sociologia Histórica: Rumos e diálogos atuais. Revista Brasileira de Sociologia, v. 06, n. 12, jan./abr. 2018. Disponível em: https://nev.prp.usp.br/publicacao/a-sociologia-historica-rumos-e-dialogos-atuais/. Acesso em: 20 jun. 2022.

NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História,São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/12101. Acesso em: 20 jun. 2022.

POLLAK, M. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989. Disponível em: https://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf. Acesso em: 20 maio 2022.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1941. Acesso em: 23 jun. 2022.

PROUST, M. Em Busca do Tempo Perdido – No caminho de Swann. São Paulo: Editora Folha, 2003.

RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2007.

ROSS, K. Maio de 68 e suas repercussões. São Paulo: Editora SESC, 2018.

ROUSSO, H. The Political and Cultural Roots of Denialism in France. South Central Review, v. 23, n. 1, p. 67-88, 2006. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40039914. Acesso em: 23 dez. 2022.

SANDOICA, E. H. Tendencias Historiográficas Actuales: Escribir Historia Hoy. Madrid: Ediciones Akal, 2004.

SEIXAS, J. A. Percursos da Memória em Terras de História: Problemas atuais. In: BRESCIANI, S.; NAXARA, M. (org.). Memória e (res)sentimento: indagações sobre uma questão sensível. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004.

SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, G. O. O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1987.

SKOCPOL, T.; MISKOLCI, R. A imaginação histórica da Sociologia. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 9, n. 16, p. 7-29, 2014. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/140. Acesso em: 17 dez. 2022.

VALENCIA-GARCIA, L. D. (org.). Far-Right Revisionism and the End of History. New York: Routledge, 2020.

VIDAL-NAQUET, P. Os Assassinos da Memória: Um Eichmann de papel e outros ensaios sobre o revisionismo. Campinas, SP: Papirus, 1998.

WIEVIORKA, M. Mayo de 1968 y las ciencias humanas y sociales. Revista Mexicana de Ciencias Políticas y Sociales, Mexico City, v. 63, n. 234, p. 53-66, 2018. Disponível em: http://www.revistas.unam.mx/index.php/rmcpys/article/view/65686. Acesso em: 17 dez. 2022.

Publicado

01/08/2023

Como Citar

ALMADA, P. E. R. A memória e o negacionismo: Considerações sobre a pesquisa em sociologia histórica. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp.1, p. e023009, 2023. DOI: 10.52780/res.v28iesp.1.16110. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/16110. Acesso em: 9 maio. 2024.