Compreendendo o negacionismo científico a partir da teoria dos campos de Bourdieu e da perspectiva transversalista da ciência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.1.17383

Palavras-chave:

Negacionismo científico, Perspectiva transversalista, Teoria dos campos de Bourdieu, Fronteiras, Autonomia

Resumo

O episódio da fosfoetanolamina, um dos primeiros e mais institucionalizados casos de negacionismo científico, é objeto deste artigo por ilustrar a ingerência política na ciência. Neste artigo estudamos o caso a partir de estudos publicados, documentos oficiais, materiais produzidos pela imprensa, assim como postagens em redes sociais, por meio da teoria dos campos e da perspectiva da ciência transversalista, que apontam para as relações entre campos que extrapolam critérios internos ao campo científico. Como resultado, podemos compreender o negacionismo científico como um fenômeno transversalista de interpenetração entre campos. Discutimos o negacionismo como decorrência do enfraquecimento das fronteiras do campo científico apontando para sua heteronomia e procuramos ilustrar como esse caso extrapolou as dinâmicas internas do campo científico, trazendo dinâmicas transversais como forças importantes de disputa neste episódio (como a jurídica e midiática) e mostramos as relações de interpenetração entre o campo científico e os outros microcosmos sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Matheus Monteiro Nascimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor do Departamento de Física. Doutorado em Ensino de Física (UFRGS).

Luciana Massi, Universidade Estadual Paulista

Professora Associada do Departamento de Educação. Doutorado em Ensino de Ciências (USP).

Referências

ANDRADE, R. O. Resistência à ciência: Crise de confiança suscita debate mundial sobre como enfrentar ataques ao conhecimento científico. Revista Fapesp, v. 284, p. 16-21, 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/resistencia-a-ciencia/. Acesso em: 12 out. 2022.

BASTOS, A. Engajamento público em controvérsia científica: o caso da pílula do câncer. 2020. 215 f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Departamento de Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, UFMG, Belo Horizonte, 2020.

BOURDIEU, P. O campo político. Revista brasileira de Ciência política, Brasília, n. 5, p. 193-216, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/3JY6Zsr9yVZGz8BYr5TfCRG/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 17 out. 2022.

BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

BOURDIEU, P. Sèminaires sur le concept de champ, 1972–1975. Actes de la recherche en Sciences Sociales, v. 200, p. 4-37, 2013. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-actes-de-la-recherche-en-sciences-sociales-2013-5-page-4.htm. Acesso em: 17 out. 2021.

BRASIL. Lei n. 13.269, de 13 de abril de 2016. Autoriza o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna. Brasília, DF: Presidência da República, 2016. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13269.htm. Acesso em: 10 abr. 2022.

BRASIL. Nota Informativa n. 9/2020 SE/GAB/SE/MS. Orientações para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da COVID-19. Brasília, DF:Ministério da Saúde, 2020. Disponível: https://www.mpf.mp.br/go/sala-de-imprensa/docs/not2496%20-%20Nota%20Informativa%20MS-nr%209.pdf. Acesso em: 09 mar. 2023.

CGEE. Centro de Gestão de Estudos Estratégicos. Percepção Pública da C&T no Brasil. CGEE, 2019. Disponível em: https://www.cgee.org.br/web/percepcao/faca-sua-analise. Acesso em: 27 out. 2022.

DIAS, L. C. Fosfoetanolamina: da panacéia ao fiasco nos testes químicos e clínicos. Slides do seminário Química: suas interfaces e aplicações. Dourados, MS: UEMS; UFGD, 2017.

GIORDAN, M. et al. A Polêmica da Fosfoetanolamina no Ensino de Química: Articulações entre o Planejamento de Ensino e a Comunicação Científica. Revista Química Nova na Escola, v. 41, n. 4, p. 327-334, 2019. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc41_4/04-QS-89-18.pdf. Acesso em: 17 out. 2022.

LAHIRE, B. O homem plural: os determinantes da ação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

LIMA JÚNIOR, E. B. et al. Análise documental como percurso metodológico na pesquisa qualitativa. Cadernos da Fucamp, Monte Carmelo, v. 20, n. 44, p. 36-51, 2021. Disponível em: https://revistas.fucamp.edu.br/index.php/cadernos/article/view/2356. Acesso em: 17 out. 2022.

MERTON, R. C. Social theory and social structure. Nova Iorque: Simon and Schuster, 1968.

PETERS, G. Habitus, reflexividade e neo-objetivismo na teoria da prática de Pierre Bourdieu. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 28, n. 83, p. 47-71, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/DVWhYRHDxhgN3yz49tVHTKz/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 23 abr. 2022.

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, 2022. Disponível em: https://www.R-project.org. Acesso em: 09 mar. 2023.

SCHIN, T. Axes thématiques et marchés de diffusion: la science en France, 1975-1999. Sociologie et sociétés, v. 32, n. 1, p. 43-69, 2000. Disponível em: https://www.erudit.org/fr/revues/socsoc/2000-v32-n1-socsoc74/001703ar/. Acesso em: 21 out. 2021.

SCHIN, T.; RAGOUET, P. Controvérsias sobre a ciência: por uma sociologia transversalista da atividade científica. São Paulo: Editora 34, 2008.

SILGE, J.; ROBINSON, D. Text mining with R: A tidy approach. Califorina: O'Reilly Media, Inc., 2017.

Publicado

01/08/2023

Como Citar

NASCIMENTO, M. M.; MASSI, L. Compreendendo o negacionismo científico a partir da teoria dos campos de Bourdieu e da perspectiva transversalista da ciência. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp.1, p. e023007, 2023. DOI: 10.52780/res.v28iesp.1.17383. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/17383. Acesso em: 9 maio. 2024.