Considerações sobre a prescrição de psicofármacos na primeira infância

O caso da depressão infantil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v27iesp.2.16775

Palavras-chave:

Depressão, Infância, Antidepressivos, DSM, Causas sociais

Resumo

Tomando como ponto de partida os motores para modelar pessoas propostos por Ian Hacking, analiso os motores envolvidos na definição de depressão infantil. Considero as classificações psiquiátricas, as escalas psicométricas, a hipótese de desequilíbrio neuroquímico, em particular o déficit de serotonina, bem como a suposta eficácia e efeitos adversos de antidepressivos como os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) (Selective serotonin reuptake inhibitors SSRIs). Argumento que estas estratégias induzem uma transformação completa na forma como as crianças pensam sobre si mesmas, causando um efeito looping na forma como definem o seu self, suas emoções e seus comportamentos, ao mesmo tempo que silenciam as causas sociais dos sofrimentos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandra Noemi Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC – Brasil

Departamento de Sociologia e Ciência Política. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política (PPGSP) e Núcleo de Sociologia e história das Ciências da saúde (NESFhIS).

Referências

APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-1). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 1952.

APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Third Edition (DSM-III). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 1980.

APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition (DSM-IV). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 1994.

APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Arlington. Arlington: American Psychiatric Association, 2013.

ANDRIOLA, W. B.; CAVALCANTE, L. R. Avaliação da depressão infantil em alunos da pré-escola. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 12, n. 2, 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/6RZ6Vncq9yYcqMhJcqfLg7b/?lang=pt. Acesso em: 27 jul. 2022.

BAHLS, S.-C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 78, n. 5, p. 359-366, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/XNZvJXVVDXtP9xm6ddZbsWg/?lang=pt. Acesso em: 18 jul. 2022.

BARBOSA, G. et al. Escala de Avaliação de Depressão para Crianças. Revista de Neuropsiquiatria da Infancia e da adolescência, v. 5, n. 1, 1997.

CDI.II. Children's Depression Inventory. APA American Psychiatric Association. Disponível em: https://www.apa.org/obesity-guideline/depression-inventory.pdf. Acesso em: 15 maio 2022.

CRUVINEL, M.; BORUCHOVITCH, E.; SANTOS, A. A. A. Inventário de depressão infantil (CDI): Análise dos parâmetros psicométricos. Fractal-Revista de Psicologia, Niterói, v. 20, n. 2, p. 473-490, 2008.

CURATOLO, E.; BRASIL, H. Depressão na infância: peculiaridades no diagnóstico e tratamento farmacológico. Jornada Brasileira de Psiquiatria, v. 54, n. 3, p. 170-176, 2005.

DAVIES, J. Sedated. How Modern Capitalism created our mental health crisis. London: Atlantic books, 2021.

FERNANDES LIMA, M. O. F.; SCHÜNKE, L. K.; MOSMANN; C. P. Instrumentos de avaliação da depressão infantil: revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Psicoterapia, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 53-69, 2020.

GOTSZCHE, P. Psicofármacos que matam y denegación organizada. Barcelona: Los Libros del Lince, 2016.

GOTSZCHE, P. Lixo dentro, Lixo fora: A Mais Nova Metanálise Cochrane de Comprimidos da Depressão para Crianças. Mad in Brasil, 21 ago. 2021. Disponível em: https://madinbrasil.org/2021/08/lixo-dentro-lixo-fora-a-mais-nova-metanalise-cochrane-de-comprimidos-da-depressao-para-criancas/. Acesso em: 13 maio 2022.

GOUVEIA, V. et al. Inventário de depressão infantil - CDI: Estudo de adaptação com escolares de João Pessoa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 4, n. 7, 1995.

HACKING, I. Neuf impératifs des sciences qui classifient les gens. Paris: College de France, 2006.

HACKING, I. Kinds of People: Moving Targets. British Academy Lecture, 2007.

HORWITS, Allen. Creating mental illness. Chicago: The University of Chicago Press, 2002.

INPD. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência. Depressão é um transtorno que afeta, sim, crianças e adolescentes. São Paulo: INPD, 2021. Disponível em: http://inpd.org.br/?noticias=depressao-e-um-transtorno-que-afeta-sim-criancas-e-adolescentes. Acesso em: 15 maio 2021.

LAVAL, C.; DARDOT, P. A nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

LUBY, J. Preschool Depression. Current Directions. Psychological Science, v. 19, n. 2, p. 91-95, 2010.

ROSE, N. Our psychiatric furure. Cambridge: Polity Press, 2019.

SBP. Sociedade Brasileira de Pediatria. Aumento da depressão na infância e adolescência preocupa pediatras. Rio de Janeiro, ago. 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/aumento-da-depressao-na-infancia-e-adolescencia-preocupa-pediatras. Acesso em: 13 maio 2022.

PANDE, M. R.; AMARANTE, P. D. C.; BAPTISTA, T. W. F. Este ilustre desconhecido: considerações sobre a prescrição de psicofármacos na primeira infância. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25 n. 6, p. 2305-2313, 2020.

TIMIMI, S. The Scientism of Childhood and Adolescent Depression. Mad in America, Cambridge, ago. 2018. Disponível em: https://www.madinamerica.com/2018/08/the-scientism-of-childhood-and-adolescent-depression/. Acesso em: 13 maio 2022.

TIMIMI, S. Insane Medicine: How the Mental Health Industry Creates Damaging Treatment Traps and How you can Escape Them. Las Vegas: Palgrave, Macmillan, 2021.

WHITAKER, R. Anatomia de una epidemia. Medicamentos psiquiátricos y el asombroso aumento de las enfermedades mentales. Madrid: Ed. Capitan Swing, 2015.

Publicado

30/09/2022

Como Citar

CAPONI, S. N. Considerações sobre a prescrição de psicofármacos na primeira infância: O caso da depressão infantil. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. esp.2, p. e022019, 2022. DOI: 10.52780/res.v27iesp.2.16775. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/16775. Acesso em: 17 abr. 2024.