A <i>lavoura</i> e o jardim: acordes do <i>cântico</i> dialogizados na prosa de Raduan Nassar

Autores

  • Bruno Curcino Mota UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Instituto de Educação, Letras, Artes, Ciências Humanas e Sociais – Departamento de Literatura. Uberaba – MG – Brasil. 38413-153

Palavras-chave:

Lavoura arcaica, Cântico dos Cânticos, Dialogismo, Poética bíblica

Resumo

Um dos mais antigos e belos cantos de celebração do amor natural entre um homem e uma mulher (isso se nos livrarmos de qualquer leitura alegorizante do poema semítico), o Cântico dos Cânticos oferece imagens, na verdade subvertidas e problematizadas, para falar da paixão incestuosa do protagonista de Lavoura arcaica. O corpo da irmã também é jardim / lavoura que ao ser louvado / lavrado desencadeará a ira paterna e o despedaçamento da família. Poderíamos falar numa poesia envenenada para dar conta da manipulação das imagens poéticas que tomadas ao Cântico servem ao protagonista para revelar o avesso da ordem paterna. As metáforas se tornam palco de luta em que duas ordens disputam a hegemonia – a lei e o desejo. O objetivo deste trabalho, que é parte da pesquisa que realizamos no doutorado, é analisar como símbolos e imagens do Cântico entram dialogicamente na voz torrencial de André e transformam-se em índices de posicionamentos ideológicos, para falar em consonância com ideias do Círculo de Bakhtin.

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Literaturas de Língua Portuguesa