Peri em Brocéliande

O deserto-floresta em O guarani, de José de Alencar

Autores

Palavras-chave:

Romantismo, Chrétien de Troyes, Romance, Espaço, Normatividade

Resumo

Este artigo articula a representação da paisagem e sua vinculação com o caráter do herói em O guarani, de José de Alencar, obra capital do Romantismo brasileiro. Em outras palavras, busca relacionar espaço e normatividade como componentes essenciais da narrativa. Desde Gaston Bachelard, o espaço configura-se como instância importante para a ficção, mas será a partir das análises de Iuri Lotman e Henri Mitterand que esse deixa de ser acessório para ser decisivo à organização do enredo. Iuri Lotman cunha a noção de fronteira, enquanto Henri Mitterand propõe o conceito de ultrapassagem de fronteiras. Uma e outra definições são fundamentais para compreender o processo de constituição do herói no romance de José de Alencar, posto que Peri será o único personagem a transitar livremente pelos espaços da casa e da floresta, incorporando valores de um e outro. Dialogando com as narrativas medievais de Chrétien de Troyes, particularmente “Le chevalier au lion” e “Le conte du Graal”, o herói de O guarani rompe com o código de honra cavaleiresco ao adotar a traição como expediente regular. A floresta, como topos central do imaginário medieval, propicia tal estatura híbrida e ambivalente do herói.

Biografia do Autor

Marcos Flamínio Peres, Universidade de São Paulo

Professor na área de Literatura Brasileira junto ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

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Publicado

12/02/2021

Edição

Seção

Sob o ponto de vista da floresta