"She hated her: she loved her"
a infelicidade invade a festa de Mrs Dalloway
DOI :
https://doi.org/10.58943/irl.v1i61.20349Mots-clés :
Feminismo killjoy, Miss Kilman, Mrs Dalloway, Virginia Woolf, Sara AhmedRésumé
Este artigo se debruça a personagem Miss Kilman do romance Mrs. Dalloway (1925), de Virginia Woolf, à luz da figura da feminist killjoy, conceituada por Sara Ahmed (2010; 2014; 2017; 2023). Partindo da hipótese de que Miss Kilman opera como uma figura disruptiva que expõe a infelicidade latente de Clarissa Dalloway, argumentamos que sua presença tensiona a harmonia superficial mantida pela protagonista — ancorada em códigos sociais burgueses, na performatividade do casamento bem-sucedido e na organização de festas como ritual de apaziguamento. A análise demonstra como Clarissa encarna a falência da promessa heteronormativa e branca de felicidade, cujo cumprimento exige a supressão de desejos e potencialidades individuais. Por meio da técnica narrativa woolfiana, que revela pensamentos não ditos, Miss Kilman emerge como voz crítica dessa infelicidade estrutural, desestabilizando a ordem social que Clarissa reproduz. O ensaio dialoga com a historiografia feminista de Ahmed, que associa a crítica à felicidade compulsória à insurgência política. Conclui-se que a personagem, longe de mera antagonista, é sintoma literário do mal-estar gerado pela recusa feminista em compactuar com felicidades fabricadas.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
Os manuscritos aceitos e publicados são de propriedade da revista Itinerários. É vedada a submissão integral ou parcial do manuscrito a qualquer outro periódico. A responsabilidade do conteúdo dos artigos é exclusiva dos autores. É vedada a tradução para outro idioma sem a autorização escrita do Editor ouvida a Comissão Editorial.