O intelectual orgânico e o bandido: a periferia como local de engajamento cívico negro em Manual prático do ódio, de Ferrés

Autores

  • Eliseo Jacob Howard University ‒ Washington ‒ DC

Palavras-chave:

Consciência Crítica, Contra-público Negro, Criminalidade, Engajamento Cívico, Intelectual Orgânico,

Resumo

Neste trabalho, argumento que o romance de Ferréz, Manual prático do ódio, funciona como uma esfera pública alternativa, ou uma “contra-pública” negra, onde os problemas da juventude periférica são abordados e criticados através de dois arquétipos: o bandido e o intelectual orgânico. Estes dois arquétipos representam a dicotomia de reações a um mundo injusto que rodeia a juventude periférica: a tentação de dinheiro e poder através de drogas e violência versus a possibilidade de um engajamento social por meio de projetos culturais que celebram a ancestralidade africana. A ilusão do poder incorporada no bandido levanta dúvidas sobre a permanência do crime como uma solução imediata à desigualdade social. Funcionando como um atrapalho ao bandido e sua gangue, de repente uma figura, que está fora de lugar no romance, aparece: o intelectual orgânico. Esta figura tem um papel pequeno, mas seu posicionamento num espaço fora de lugar dentro da periferia a permite ver o valor de sua comunidade através da cultura e história de seus ancestrais, assim incorporando o que Paulo Freire define como a consciência crítica. Portanto, a tensão entre estas duas figuras funciona como um debate dentro do contra-público da periferia acerca do que é a melhor linha de ação em termos de oferecer à juventude urbana opções legítimas para se empoderar.

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Publicado

11/02/2019

Edição

Seção

Literatura Negra Brasileira