Uma memória feita de sombras: a experiência da ditadura em Tropical sol da liberdade

Autores

  • Manoelle Gabrielle Guerra Doutoranda em Estudos Literários. UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários – Araraquara – SP – Brasil. 14800-901 https://orcid.org/0000-0002-5827-8799

Palavras-chave:

Tropical sol da liberdade, Memória, Ditadura militar,

Resumo

As memórias da ditadura têm-se expandido e ganhado voz ao longo das últimas décadas, colocando em evidência os diversos âmbitos atingidos por tal episódio e suas decorrências no interior tanto das esferas públicas como também das privadas. Sob essa perspectiva, o presente artigo tem por objetivo discutir a representação do regime militar em Tropical sol da liberdade, de Ana Maria Machado, publicado em 1988, observando o modo como esse evento histórico aparece inserido no interior da vida familiar das personagens. A repressão, a violência e o exílio vividos pela protagonista são rememorados à luz da relação desconcertada que existe entre mãe e filha, as duas mulheres centrais da narrativa, configurando um olhar feminino sobre a ditadura com destaque para a figura materna. A memória torna-se peça chave para a representação e, nesse sentido, a reordenação do passado histórico do país se entrelaça à reconstrução das lembranças familiares, mostrando a influência desse evento no universo íntimo das personagens, determinando seus caminhos. Ao longo desse processo, a escrita surge como estratégia eleita pela protagonista para mostrar essa experiência e dar vazão à reelaboração de toda a dor vivenciada por ela e por tantos outros.

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Publicado

21/10/2020

Edição

Seção

1964 e suas representações