Intermediando, julgando e moralizando

O papel do estado, o dom organizacional e o processo da adoção

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52780/res.v27iesp.2.16537

Palavras-chave:

Adoção de criança e adolescente, Família, Dom organizacional

Resumo

O artigo realiza diálogo entre a adoção de crianças e adolescentes com a sociologia econômica, propondo uma reflexão sobre a existência de um dom organizacional dentro dessas práticas sociais. A Igreja e o Estado estiveram à frente da intermediação entre os que “davam as crianças” e os que “buscavam crianças”. Atualmente, o Estado age intermediando, julgando e moralizando quem pode e quem não pode adotar, e destituindo quem não consegue “cuidar do filho”. A pesquisa analisou a percepção dos donatários, compreendendo a vigente configuração e significação das práticas de adoção de crianças e adolescentes no Brasil. Dentre os resultados, observou-se que a adoção que se estabelece como uma alternativa para se conseguir o gift é tratada como um “mercado não pago”, enraizado em relações de compaixão, altruísmo e amizade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliana de Araújo Silva, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos – SP – Brasil

Doutora.

Julio Donadone, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos – SP – Brasil

Coordenador do Núcleo de Sociologia Econômica e das Finanças - NESEFI.

Referências

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Atualizado em 2017 pela Lei 13.509/2017. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 10 Jan. 2022.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ. Diagnostico sobre o sistema nacional de adoção e acolhimento 2020. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/05/relat_diagnosticoSNA2020_25052020.pdf. Acesso em: 20 jan. 2021.

DA ROS, L. O custo da Justiça no Brasil: uma análise comparativa exploratória. Newsletter. Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil, v. 2, p. 1-15, 2015.

DIDIER JUNIOR, F. Notas sobre a garantia constitucional do acesso à justiça: o princípio do direito de ação ou da inafastabilidade do Poder Judiciário. Revista de Processo, ano 27, n. 108, 2002.

DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil: Direito de Família. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

FONSECA, C. Mãe é uma só? Reflexões em torno de alguns casos brasileiros. Psicologia USP, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 49-68, 2002.

FONSECA, C. Caminhos da adoção. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

GOMES, O. Direito de Família. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.

MARCILIO, M. L. História Social da Criança Abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998.

MARCILIO, M. L. A roda dos expostos e a criança abandonada na história do Brasil: 1726-1950. In: FREITAS, M. C. (org.). História Social da infância no Brasil. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2016.

MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999.

ROUX, S. La circulation internationale des enfants. In: STEINER, P.; TRESPEUCH, M. (dir.). Marchés contestés. Quand le marché rencontre la morale. Presses universitaires du Midi, Toulouse, 2015.

STEINER, P. A doação de órgãos: a lei, o mercado e as famílias. Tempo Social, v. 16, n. 2, p. 101-128, 2004. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ts/issue/view/991. Acesso em: 27 jul. 2022.

STEINER, P. La transplantation d’organes: un commerce nouveau entre les êtres humains. Paris: Gallimard, 2010.

STEINER, P. Mercado, transação e laços sociais: a abordagem da Sociologia Econômica. Revista de Sociologia e Política, v. 20, n. 42, p. 111-120, 2012. ISSN: 0104-4478. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=23823143009. Acesso em: 10 Jan. 2021.

STEINER, P. The Organizational Gift and Sociological Approaches to Exchange. Oxford Scholarship Online, 2014. Disponível em: https://oxford.universitypressscholarship.com/view/10.1093/acprof:oso/9780198748465.001.0001/acprof-9780198748465-chapter-12. Acesso em: 27 jul. 2022.

STEINER, P. Les organes humaines: du bannissement do marché au don contesté. In: STEINER, P.; TRESPEUCH, M. (dir.). Marchés contestés: quand le marché reencontre la morale. Toulouse: Presses universitaires du Mirail, 2015.

STEINER, P. A dádiva organizacional: Dádiva à distância e circuitos de troca. Tempo Social, v. 29, n. 1, p. 23-43, 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ts/issue/view/8328. Acesso em: 27 jul. 2022.

ZELIZER, V. Pricing the priceless child: the changing social value of children. New York: Basic Books, 1985.

ZELIZER, V. Repenser le marché.Actes de la recherche em sciences sociales, Paris, n. 94, p. 3-26, 1992.

ZELIZER, V. Las relaciones de cuidados. In: ZELIZER, V. La negociación de la intimidad. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2009. p.179-230.

ZELIZER, V. A negociação da intimidade. Trad. Daniela Barbosa Henriques. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. (Coleção Sociologia).

Publicado

30/09/2022

Como Citar

SILVA, J. de A.; DONADONE, J. C. Intermediando, julgando e moralizando: O papel do estado, o dom organizacional e o processo da adoção . Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. esp.2, p. e022025, 2022. DOI: 10.52780/res.v27iesp.2.16537. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/16537. Acesso em: 23 abr. 2024.