Histórias sem fim

Perspectivismo e forma narrativa na literatura indígena da Amazônia

Autores

Palavras-chave:

Narrativas indígenas amazônicas, Perspectivismo ameríndio, Literatura amazônica, Culturas indígenas amazônicas, Etiologia

Resumo

O foco deste artigo são três narrativas indígenas amazônicas: duas histórias pemon publicadas por Koch-Grünberg no volume Vom Roroima zum Orinoco, e uma história desana publicada por Umussin Pãrõkumu e Tõrãmu Kehíri no livro Antes o Mundo não existia. As três histórias descrevem o casamento entre um humano ou protohumano e uma noiva de outra espécie, e terminam com o surgimento ou importação de uma nova espécie de planta. Essas narrativas ilustram com precisão as teorias propostas por Eduardo Viveiros de Castro sobre o perspectivismo ameríndio amazônico. O objetivo do artigo é, pois, devolver, por assim dizer, o perspectivismo de Viveiros de Castro às histórias que o inspiraram, a fim de considerar as suas implicações na forma narrativa. A hipótese que move a análise é simples: se o pensamento ameríndio amazônico está baseado numa outra ontologia - uma ontologia que promove a ideia de que todos os animais são, ou foram, potencialmente humanos, e que privilegia diferença ao invés de identidade - sua forma narrativa não seria, também, distinta da ocidental?

Biografia do Autor

Lúcia Sá, University of Manchester. The University of Manchester: Manchester – GB

Lúcia Sá é professora titular de Estudos Brasileiros na Universidade de Manchester (Reino Unido), tendo anteriormente ensinado na Universidade Stanford (Estados Unidos), Universidade Mackenzie (São Paulo) e Pontifícia Universidade Católica (São Paulo). Foi também professora visitante na Universidade de São Paulo, ENAH (México), Universidade de Lisboa (Portugal), New College of California e Oberlin College (Estados Unidos). É autora de Life in the megalopolis: Mexico City and São Paulo (Routledge, 2007) e de Literaturas da floresta – textos amazônicos e cultura latino-americana (Editora da UERJ, 2012, edição brasileira de Rain Forest Literatures: Amazonian Texts and Latin American Culture, University of Minnesota Press, 2004). Parte significativa do seu trabalho foca-se na produção cultural das tradições ameríndias da Floresta Amazônica e das planícies da América do Sul. Literaturas da floresta – textos amazônicos e cultura latino-americana ajuda-nos a compreender o modo como textos indígenas foram apropriados por escritores brasileiros e latino-americanos dos séculos XIX e XX, chamando a atenção para possibilidades de análise ainda pouco exploradas pela crítica literária e cultural.

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Publicado

12/02/2021

Edição

Seção

Sob o ponto de vista da floresta