“O legado de Eva”
representação social de mulheres e seu trabalho no Rio de Janeiro na virada do século (XIX – XX)
DOI:
https://doi.org/10.47284/2359-2419.2022.33.101133Palavras-chave:
trabalho de mulheres, relações sociais de sexo, prendas do bello sexo, papéis sociais, socializaçãoResumo
Este artigo investiga vida e trabalho (livre) de mulheres na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1889 até 1902. Objetivamos identificar e caracterizar, a partir de fontes primárias e secundárias, generalidades sobre a vida de mulheres na sociedade estudada, evidenciando (i) seus processos de socialização; (ii) sua inserção nos mundos do trabalho à época. Fazemos uma pesquisa documental relacionando fontes, valendo-nos principalmente de anúncios e textos de jornais e revistas da época acessados pela Biblioteca Nacional Digital. Propomos que existe uma relação intrínseca entre a configuração da instituição social “família” e seus membros e o trabalho de mulheres de diferentes posições sociais. Argumentamos que o processo de identificação e da construção de papéis sociais da mulher e do feminino como modelos rígidos de “filha”, “mãe” e esposa”, impulsionaram uma determinação dos ofícios e serviços de mulheres privilegiadas econômico e culturalmente ou não.
Downloads
Referências
ALVES, A. E. S. Divisão sexual do trabalho: a separação da produção do espaço reprodutivo da família. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 271–289, ago. 2013. DOI: 10.1590/S1981-77462013000200002. Disponível em: https://www.tes.epsjv.fiocruz.br/index.php/tes/article/view/1423. Acesso em: 20 mar. 2023.
ASSIS, J. M. M. de. Todos os contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
ASSIS, J. M. M. de. Helena. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. vol. I
BILAC, O. Chronica. Kósmos, Rio de Janeiro, v.1, n. 3, maio 1904. (Hemeroteca da Biblioteca Nacional Digital). Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/ docreader.aspx?bib=146420&pesq=Olavo%20bilac&pagfis=167. Acesso em: 20 mar. 2023.
BECKER, H. Para hablar de la sociedad: la Sociología no basta. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2015.
BÍBLIA. A. T. Gênesis. In: BÍBLIA 50. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. [1567].
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
BUSCATTO, M. Exploring gender in music… to better grasp musical work. In: SMUDITS, A. Roads to music sociology. New York: Springer Berlin Heidelberg, 2018, p. 8.
CARDOSO, A. A construção da sociedade do trabalho no Brasil: uma investigação sobre a persistência secular das desigualdades. Rio de Janeiro: Amazon, 2019.
CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim. 3. ed. Campinas: Ed. da Unicamp, 2012.
CELLARD, André. A análise documental. In. POUPART, Jean et al; NASSER, Ana Cristina. A pesquisa qualitativa. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
DEVREUX, A.-M. A teoria das relações sociais de sexo: um quadro de análise sobre a dominação masculina. Sociedade e Estado, Brasília, v. 20, n. 3, p. 561–584, dez. 2005.
D’INCAO, M. Â. Mulher e família burguesa. In. DEL PRIORE, M.; BASSANEZI, C. B. História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004, p. 223-240.
DUBAR, C. A crise das identidades. São Paulo: Ed. da USP, 2009.
DUBAR, C. A Socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Ed., 2001.
ELIAS, Norbert. Compromiso y distanciamiento. Barcelona: Península, 2002.
ELIAS, N. La sociedad de los individuos. Barcelona: Edicions 62, 1990.
FAUSTO, B. História do Brasil. 14. ed. atual. e ampl. São Paulo: Ed. da USP, 2012.
GIORDANO, Rafaela Boeira. Do jornal à ciência: a hemeroteca digital brasileira como fonte de informação para a pesquisa científica. Rio de Janeiro, 2016. Tese (Doutorado) - IBICT/UF. Rio de Janeiro-ECO, 2016.
GOMBRICH, E. H. J. La historia del arte. London: Phaidon, 1997.
GONZALES, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. São Paulo: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984.
HAHNER, J. E. Honra e distinção das famílias. In: HAHNER, J. E. (Org.). Nova história das mulheres. São Paulo: Editora Contexto, 2012. p. 9-83, p. 126-168, p. 333-359, p. 447-514.
HIRATA, H. et al. (org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Ed. Da Unesp, 2009.
HIRATA, H. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, São Paulo, 26 (1), 2014, p. 61–73.
KERGOAT, D. De la relación social de sexo al sujeto sexuado. Revista Mexicana de Sociología, Ciudad de México, v. 65, n. 4, p. 841-861, dic. 2003.
LISPECTOR, C. Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
MARQUES, T. C. N. A regulação do trabalho feminino em um sistema político masculino, Brasil: 1932-1943. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 29, n. 59, p. 667–686, dez. 2016.
MAUSS, M. Sociologia e antropologia. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
MONTELEONE, J. de M. Costureiras, mucamas, lavadeiras e vendedoras: o trabalho feminino no século XIX e o cuidado com as roupas (Rio de Janeiro, 1850-1920). Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 1-11, 2019.
MOTA, C. G.; LOPEZ, A.; SILVA, A. da C. e. História do Brasil. 4. ed. São Paulo: Ed. 34, 2015.
NEEDELL, J. D. Belle époque tropical. 1. ed. Bernal: Univ. Nacional de Quilmes, 2012.
NUNES, J. H. O trabalho de músicos no Brasil: tensões identitárias e arranjos domésticos. Revista Colombiana de Sociología, Colombia, v. 40, n. 2, p. 107-128, 2017.
PICHONERI, D. F. M. Relações de trabalho em música: a desestabilização da harmonia. 2011. 251 p. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, 2011.
PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 179-195, 2001.
PINSKY, C. B. A era dos modelos rigidos. In: PINSKY, C. B.. (Org.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012. p. 9-83, p. 126-168, p. 333-359, p. 447-514.
RAGO. M. Trabalho feminino e sexualidade. In: RAGO. M. História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004, p. 126-168.
RIO, J. do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia De Bolso, 2008.
SAFFIOTI, H. I. B. Força de trabalho feminina no Brasil: no interior das cifras. Perspectivas, São Paulo, v. 8, p. 95-141, 1985.
SAFFIOTI, H. I. B. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Petrópolis: Vozes, 1976.
SÁ-SILVA, Jackson Ronie; DE ALMEIDA, Cristóvão Domingos; GUINDANI, Joel Felipe. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História, p. 15-30, 2009.
SCOTT, A. S. O caleidoscópio dos arranjos familiares. In: SCOTT, A. S.. (Org.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2013. p. 9-83, p. 126-168, p. 333-359, p. 447-514.
SCHWARZ, R. Ao vencedor as batatas. 5. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 2000.
SOUZA, A. S. Atuação feminina no cenário musical do Rio de Janeiro (1890-1910). Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Música, 2013.
THOMPSON, J. Ideologia e cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 2000.
WEBER, M. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
TINHORÃO, J. R. A música popular no romance brasileiro. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2001. 3 v.
VERONA, E. M. Da feminilidade oitocentista. São Paulo: Ed. Da UNESP, 2013.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
WEBER, M. Economía y sociedad. Madrid: F.C.E. de España, 1977.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.