A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196Palavras-chave:
Amor, Amor romântico, Dominação masculina, Amor-Vício, Amor ConfluenteResumo
O presente artigo busca relacionar duas categorias pouco associadas nas ciências sociais: violência e amor. Para construção do argumento central, de que o amor romântico é terreno fértil para a violência entre casais de amantes, a pesquisa realizou revisão bibliográfica sobre o tema e traz resultados exploratórios de uma etnografia virtual realizada no aplicativo WhatsApp, junto às mulheres que buscam ajuda para sair de um relacionamento abusivo. Os dados apontam que o amor vivenciado por essas mulheres é o amor romântico e que as formas de violência vivenciadas por elas ultrapassam a violência física, além de se manterem em relacionamentos abusivos pela crença em ter capacidade de mudar seu companheiro.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE NETTO, L. et al. Mulheres em situação de violência por parceiro íntimo: tomada de decisão por apoio institucional especializado. Revista Gaúcha de Enfermagem, n. esp. 36, p. 135-42, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/j/rgenf/a/5rspRQXYcYpj3zJHqHXq7vQ/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
AUDI, C. A. F. et al. Percepção da violência doméstica por mulheres gestantes e não gestantes da cidade de Campinas, São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 587-594, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/wZcqCS3zrZDvQMdKQmzJh3x/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
BARAGATTI, D. Y. et al. Rota crítica de mulheres em situação de violência por parceiro íntimo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 26, e3025, 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/154244. Acesso em: 24 maio 2021.
BATISTA, V. C. et al. Prisioneiras do sofrimento: percepção de mulheres sobre a violência praticada por parceiros íntimos. Revista Brasileira de Enfermagem, n. 73, suppl. 1, p. e20190219, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/j/reben/a/8nWjvQ4X73VhbvMWkkYzJ3b/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
CAMPEIZ, A. B. et al. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n. 54, p. e03575, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/JYLvhxzzJ4bD5hXD4R8ztcg/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
CARNEIRO, J. B. et al. Compreendendo a violência conjugal: um estudo em Grounded Theory. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 27, e3185, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/vw6dc7XVbLqr6WngM6qdscf/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
COMTE, A. Plan des travaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la société. In: COMTE, A. Système de politique positive ou Traité de sociologie instituant la religion de l’humanité. Paris: Larousse, 1895. p.106-129
CONCEIÇÃO, C. S. da; MORA, C. M. “Respeito é bom e eu gosto”: trajetórias de vida de mulheres negras assistidas por um Centro Especializado de Atendimento à Mulher em Situação de Violência na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n.7, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/j/csp/a/sYXNjKRrg4VpvPXVZz7PBbt/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
COUTO, M. T. et al. Concepções de gênero entre homens e mulheres de baixa renda e escolaridade acerca da violência contra a mulher, São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, n. 11, supl., p. 1323-1332, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/J4z8857r4yYfJZNGNYF6Ytf/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021
COUTO, T. M. et al. Cotidiano de mulheres com história de violência doméstica e aborto provocado. Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 1, p. 263-9, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/j/tce/a/GsY5mchdP8HD8qZyx5NnknS/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
DANTAS-BERGER S. M.; GIFFIN, K. A violência nas relações de conjugalidade: invisibilidade e banalização da violência sexual? Cadernos de Saúde Pública, v. 21, n. 2, p. 417-425, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/pHhwdM5wyyL6nfJXVsLsDdy/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
DUBY, G. Amor e sexualidade no Ocidente. Lisboa: Terramar, 1998.
DURKHEIM, E. De la division du travail social: etude sur l’organisation des sociétés supérieures. Paris: Alcan, 1893.
DUTRA, M. de L. et al. A configuração da rede social de mulheres em situação de violência doméstica. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 5, p. 1293-1304, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/K77HzVKqLpCgjCpqGD8qQ8C/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1990. v. 1.
GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor & erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.
GUIMARÃES, F. L.; DINIZ, G. R. S.; ANGELIM, F. P. "Mas Ele Diz que me Ama...": Duplo-Vínculo e Nomeação da Violência Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, p. 1-10, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/j/ptp/a/q9Tcf79ydXdLRTxw8GHkCvF/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNS 2019: em um ano, 29,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência psicológica, física ou sexual no Brasil. Brasília, DF, 2021. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/30660-pns-2019-em-um-ano-29-1-milhoes-de-pessoas-de-18-anos-ou-mais-sofreram-violencia-psicologica-fisica-ou-sexual-no-brasil? Acesso em: 07 jul. 2021.
JARDIM, M. C. Para além da fórmula do amor: amor romântico como elemento central na construção do mercado do afeto via aplicativos. Política & Sociedade, v. 18, n. 43, p. 46-76, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2019v18n43p46. Acesso em: 20 nov. 2021.
JARDIM, M. C. A construção social do mercado de afeto: o caso das agências de casamento em contexto de consolidação dos aplicativos. Revista Pós Ciências Sociais, São Luís, v. 18, n. 1, p. 43-62, 2021. Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/issue/view/705. Acesso em: 20 nov. 2021.
JARDIM, M. C.; MOURA, P. J. C. A construção social do mercado de dispositivos de redes sociais: a contribuição da sociologia econômica para os aplicativos de afeto. Tomo, n. 30, p. 151-196, 2017. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6040344. Acesso em: 20 nov. 2021.
JARDIM, M. C.; ROSSI, T. C. Apresentação. Tomo, v. 41, p. 1, 2022. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/607659. Acesso em: 30 set. 2022.
JARDIM, M. C.; SOUZA, T. O amor como objeto da sociologia. BIB. (no prelo)
KOURY, M.; BARBOSA, R. B. Da subjetividade às emoções: A antropologia e a sociologia das emoções no Brasil. Cadernos do GREM, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/Gs8376g9VYs9TV6PjFXXYtq/?lang=pt. Acesso em: 20 nov. 2021.
LEITÃO, D.; GOMES, L. G. Etnografia em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Antropolítica, Niterói, n. 42, p. 41-65, 2017. Disponível em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41884. Acesso em: 20 nov. 2021.
LIMA, G. Q. de; WERLANG, B. S. G. Mulheres que sofrem violência doméstica: contribuições da psicanálise. Psicologia em Estudo, v. 16, n. 4, p. 511-520, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/GShYc5SHq9SVcrwbyXxbSbT/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
LÍRIO, J. G. dos S. et al. Elementos que precipitam a violência conjugal: o discurso de homens em processo criminal. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n. 53, p. e03428, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/zxC7PmFD4VVYcmK38xVhGrs/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
MADUREIRA, A. B. et al. Representações sociais de homens agressores denunciados acerca da violência contra a mulher. Revista Brasileira de Enfermagem; v. 73, n. 2, e20180824, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/VHWWG3RDtpf3tc4nMFNsVRn/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
MILLER, D.; SLATER, D. Etnografia on e off-line: cibercafés em Trinidad. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, n. 21, p. 41-65, jan./jun. 2004. DOI: 10.1590/S0104-71832004000100003.
MOORE A. M. Gender Role Beliefs at Sexual Debut: Qualitative Evidence from Two Brazilian Cities. International Family Planning Perspectives, v. 32, n. 1, p. 45–51, 2006. Disponível em: https://www.guttmacher.org/journals/ipsrh/2006/03/gender-role-beliefs-sexual-debut-qualitative-evidence-two-brazilian-cities. Acesso em: 24 maio 2021.
MOURA, L. B. A.; LEFEVRE F.; MOURA, V. Narrativas de violências praticadas por parceiros íntimos contra mulheres. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 4, p. 1025-1035, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/fTp9Sxzm5MWskTSQmMH3VPC/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
NEVES, A. As mulheres e o discurso genderizados sobre o amor: a caminho do “amor confluente” ou o retorno do mito do “amor romântico”. Estudos Feministas, v. 15, n. 3, p. 609-627. Florianópolis, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2007000300006. Acesso em: 20 nov. 2021.
PACHECO, L. R.; MEDEIROS, M.; GARCIA, C. M. The voices of Brazilian women breaking free from intimate partner violence. Journal Forensic Nursing, v. 10, n. 2, p. 70-76, 2014. Disponível em: https://journals.lww.com/forensicnursing/toc/2014/04000. Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P.do N. et al. Situações que precipitam conflitos na relação conjugal: o discurso de mulheres. Texto e Contexto Enfermagem, v. 23, n. 4, p. 1041-9, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/4QGmxR598j7yzqSVZYmshXP/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Mulheres vivenciando a intergeracionalidade da violência conjugal. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 5, p. 874-9, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/d375TF8qJCLBKBVZFzjNyWF/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. A experiência de prisão preventiva por violência conjugal: o discurso de homens. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 27, n. 2, e3820016, 2018a. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/KRFnS53bngSv46h5xzB9j6t/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Naturalização, reciprocidade e marcas da violência conjugal: percepções de homens processados criminalmente. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, n. 1, p. 178-84, 2018b. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/WBf7Y54tVkBDtHkMNMXYzyS/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
PARADA, P. de O.; MURTA, S. G. Brazilian women’s transition to new relationships after ending a violent one: a case study. Psicologia USP, v. 3, e190166, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/NW5n9q5HhmHYPv4jsPDBFSB/abstract/?lang=en. Acesso em: 24 maio 2021.
PLATÃO. O Banquete. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
ROSSI, T. C. Projetando a subjetividade: a construção social do amor a partir do cinema. São Paulo, 2013. 326 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
SCHWENTKER, W. A paixão como modo de vida em Max Weber, o círculo de Otto Gross e o erotismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 32, ano 11, oct. 1996.
SILVA, A. F. da. et al. Atributos sociais da masculinidade que suscitam a violência por parceiro íntimo. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 6, e20190470, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/Nrj3K7pjQLjG3T5mJKJvhsv/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
SIMMEL, G. Filosofia do Amor. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
SOMBART, W. Amor, luxo e capitalismo. Lisboa: Bertrand, 1990 [1912].
SOUZA, T. As crenças sobre o amor na telenovela Espelho da vida: uma análise através da sociologia relacional de Pierre Bourdieu. Relatório de Pesquisa Fapesp. Departamento de Ciências Sociais. Unesp. Araraquara, 2021.
STENZEL G. Q. de L.; LISBOA, C. S. de M. Aprisionamento psíquico sob uma perspectiva psicanalítica: Estudo de caso de um agressor conjugal. Revista Ágora – estudos em Teoria Psicanalítica, v. XX, n. 3, p. 625-633, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/agora/a/LXvttdZsqKBb4486QcnwnNm/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
VANDENBERGHE, F. Amando o que conhecemos: notas para uma epistemologia histórica do amor. Ciências Sociais Unisinos, v. 42, n. 1, p. 65-71, 2006. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/6016. Acesso em: 14 nov. 2021.
VIEIRA, L. B. et al. Intencionalidades de mulheres que decidem denunciar situações de violência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 3, p. 423-429, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/T8hS4mc649nMMdDBT6CfmFk/?lang=pt. Acesso em: 24 maio 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Devastatingly pervasive: 1 in 3 women globally experience violence. Genova/New York, 2021. Disponível em: https://www.who.int/news/item/09-03-2021-devastatingly-pervasive-1-in-3-women-globally-experience-violence. Acesso em: 07 jul. 2021.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.