A articulação entre o campesinato e agroecologia: espaços femininos e masculinos

Autores

  • Laura De Biase

Palavras-chave:

Agroecologia, Campesinidade, Gênero,

Resumo

A agroecologia pode ser definida como um campo de estudos de caráter multidisciplinar, que tem como objetivo articular o saber-fazer científico ao saberfazer das comunidades rurais, como forma de potencializar práticas sustentáveis de agricultura. Esta nova concepção surgiu como movimento de oposição à “modernização da agricultura”, em busca das raízes agrícolas camponesas e indígenas consideradas sustentáveis. Tal modernização tem como um de seus efeitos a perturbação da lógica de organização das unidades familiares de produção, pautadas pela campesinidade. Uma das características desta lógica é a articulação entre espaços femininos e masculinos do sítio. A agricultura moderna intensificou um processo de masculinização da agricultura que vinculou a produção agrícola à aquisição de sementes híbridas, insumos e maquinários agrícolas produzidos pela indústria. Sendo assim, este artigo tem como objetivo realizar uma reflexão a respeito das potencialidades da (re)articulação dos espaços femininos e masculinos e da valorização da campesinidade contribuírem com a construção de uma agroecologia plena. Para tanto, pretende-se (1) retomar algumas discussões sobre o destino do campesinato, realizadas desde o início do século XX, e refletir sobre algumas peculiaridades desta organização social; (2) analisar, de uma perspectiva de gênero, as transformações vivenciadas por esses grupos no período denominado de “modernização da agricultura”; (3) refletir sobre o conceito de Agroecologia e sua correspondência com a práxis agroecológica; e, finalmente (4) sugerir de que forma a lógica de organização camponesa e a agroecologia podem se fortalecer na atualidade. Propõe-se que a efetividade da agroecologia esteja articulada à reprodução dos princípios fundamentais da ordem camponesa, como a hierarquia familiar e a complementaridade de gêneros.

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