A Revista EntreLínguas, com apenas 05 anos de existência, alcançou o extrato A3 no Qualis Preliminar da Capes (2017-2018), apresentando à comunidade acadêmica textos de alta qualidade na forma de artigos, relatos de experiências, resenhas críticas e entrevistas de pesquisadores nacionais e internacionais sobre o processo de ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM). Tal êxito deve-se ao trabalho de uma equipe editorial comprometida com o rigor científico e com a qualidade da revista; e também à contribuição de autores com pesquisas realizadas em diversas universidades, com o propósito precípuo de promover o debate sobre os processos teórico-metodológicos que envolvem o ensino de LEM, em todos os níveis de educação e em diferentes contextos.
Hoje, a Revista EntreLínguas, entre outras bases, está indexada na
Ademais, temos o Fator de Impacto MIAR (
Assim, é com grande entusiasmo que tornamos público o lançamento do segundo número do volume 6º. da Revista EntreLínguas. Tendo como escopo o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras em diferentes contextos, o presente número traz reflexões, análises e possíveis contribuições da literatura, da descrição linguística, da Semântica, da Sociolinguística, do estudo da metodologia do ensino de línguas, do uso das tecnologias digitais de informação e comunicação para o ensino e dos multiletramentos.
Desse modo, o primeiro artigo por Alexandre Silveira Campos já aponta a inter-relação entre literatura e ensino de línguas no próprio título
Na sequência, a autora Mirela Meira Ramos dos Santos revela um panorama histórico-metodológico dos métodos de ensino de línguas estrangeiras numa linha cronológica desde os primeiros métodos até o pós-método, de modo a fornecer ao professor e ao pesquisador elementos importantes para a reflexão e escolha de sua abordagem de ensino, levando em conta que todos os métodos têm aspectos positivos e negativos e que, de modo geral, não são perfeitos e suficientes para garantir a aprendizagem. Nesse sentido, é preciso conhecê-los e adaptar procedimentos que sejam eficientes na prática docente individual.
No âmbito do ensino da língua estrangeira, especificamente para o ensino de Espanhol como língua estrangeira (ELE) torna-se relevante o estudo e a explicitação da variação linguística, tendo em vista fatores linguísticos e sociais. Nessa perspectiva, Adriana Martins Simões, tendo como referência teórica a Gramática Gerativa de Chomsky e a Sociolinguística de Weireich, Labov e Herzog, descreve o objeto pronominal acusativo de 3ª. pessoa na variedade do espanhol de Madri e no português brasileiro. Embora o seu estudo esteja em desenvolvimento, consideramos uma questão importante não só para a análise linguística, como também para os estudos de ensino e aprendizagem de ELE.
Outro fator importante para o ensino de língua estrangeira é a garantia da interação para almejar a comunicação efetiva e significativa entre os participantes. Segundo Ueverson Mendes de Oliveira, tratando especificamente do ensino de língua inglesa em contexto de escola pública, a falta ou problemas na interação podem acarretar “insucessos” na aprendizagem, principalmente pela falta de motivação dos alunos da escola pública em relação à aprendizagem do Inglês como LE ou como língua franca.
Aprender uma língua estrangeira também significa aprender o uso da palavra em diferentes situações, ou eventos comunicativos, uma vez que em tais circunstâncias, sejam de produção ou de interpretação, uma mesma palavra adquire significados diferentes. Considerando que na comunicação o mais importante é o significado, os sentidos metafóricos com significados diferentes em distintos contextos de uso também ganham destaque para o ensino e aprendizagem de língua estrangeira. Tomando como referenciais teóricos contribuições da Semântica e da Pragmática, Ana Maria Bonk analisa o jogo semântico do verbo
Problemas de aprendizagem também podem estar relacionados à falta de habilidade da escrita. Desse modo, a autora
Em se tratando de análise de abordagem de ensino do professor, a plausibilidade torna-se uma palavra-chave, tendo em vista que a análise que o professor faz de suas aulas o conduz a decisões sobre o que é recomendável ou não para o ensino da língua. Nessa perspectiva, as autoras Tamires Destro Costa, Ana Helena Dotti Campanatti e Sandra Mari Kaneko-Marques analisam não só o conceito do senso de plausibilidade como também apresentam relatos de experiências de ensino e aprendizagem em cursos de Inglês para Fins Acadêmicos (IFA) em ambiente de Ensino a Distância (EaD). Desse modo, o artigo traz uma temática importante e atual para o ensino e aprendizagem de línguas pautado na utilização de ferramentas e/ou plataformas on-line, apontando possíveis dificuldades e obstáculos para a execução de um curso de IFA em EaD, mas também caminhos para tentar superá-los, objetivando a otimização das tecnologias digitais para o ensino de línguas estrangeiras e revitalizando o papel do professor de línguas nesse processo.
Tomando como ponto de partida o fato de que hoje temos uma nova compreensão da leitura e escrita com o conceito de letramento e suas implicações para o conhecimento e, num sentido mais amplo para a educação, torna-se imprescindível ampliar as possibilidades de letramentos para multiletramentos em contextos onde as tecnologias de informação e comunicação podem facilitar o ensino e a aprendizagem de uma língua estrangeira ou a aquisição de uma língua. Nessa perspectiva, Yuri Miguel Macedo, no artigo intitulado
Na mesma perspectiva do artigo anteriormente citado, as autoras Aline Olin Goulart Darde e Lais Oliva Donida tratam do ensino de Língua Portuguesa para surdos, a partir de um estudo de caso. O objetivo da pesquisa é investigar quais são os usos linguísticos que são recrutados no contexto de ensino e aprendizagem do Atendimento Educacional Especializado (AEE) de Língua Portuguesa (LP) para surdos na educação básica (Ensino Fundamental I).
Em se tratando de ensino de língua estrangeira, a escolha do livro didático é tarefa de suma importância, uma vez que pode ser a única amostra na língua-alvo que o aluno terá acesso para aprender uma LE. O artigo de Ciro Leandro Costa da Fonsêca analisa como é construída a discursividade em um livro didático do ensino médio, revelando que variedade que o aluno terá acesso será predominantemente a norma culta padrão do inglês britânico e norte-americano, comprometendo, segundo o autor, o conhecimento da variedade linguística e cultural da língua inglesa no mundo.
Considerando o papel relevante que exercem as crenças na aprendizagem de uma língua estrangeira, revelando a visão e atitude que os aprendizes têm sobre o processo de aprendizagem de língua estrangeira, Flávius Almeida dos Anjos apresenta sua pesquisa sobre a intrínseca relação entre atitudes e crenças por meio de um estudo qualitativo com a participação de 91 estudantes brasileiros graduandos de uma universidade e que estudam inglês, segundo o autor, “compulsoriamente”.
E fechando esse número, temos o trabalho dos autores Mesaque Silva Correia, Neuton Alves Araújo, Paulo Renzo Guimarães Junior, apresentando um trabalho que busca analisar as significações que alunos do Ensino Médio de uma escola pública do Amapá, localizada na divisa Brasil/Guiana Francesa, conseguem produzir sobre o ensino da Língua Francesa na comunicação interfronteiriça, tomando como pressupostos teórico-metodológicos a Teoria Histórico-Cultural/Teoria da Atividade. E o trabalho que traz reflexões de Roger Chartier acerca da história da leitura, o qual a autora Marta Rochelly Ribeiro Gondinho a história da leitura e seus leitores e como os professores contribuem na formação do leitor.
Esperamos que a leitura dos artigos aqui mencionados possa contribuir para o desenvolvimento de futuras pesquisas sobre ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras modernas que intercruzam diversas áreas do conhecimento como a Linguística, a Literatura, a Linguística Aplicada, a Educação, entre outras.
Boa leitura!