Populismo: o grande levante semiótico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47284/2359-2419.2020.28.4775

Palavras-chave:

Atrator, Eleições, Enunciação, Legitimação, Paixões, Povo, Populismo,

Resumo

Populismo e populista são denominações que, ao mesmo tempo, são mal definidas – até indefiníveis – e cuja enunciação é, no entanto, eficiente. O argumento inicial deste estudo consiste em uma inversão dessa relação: é justamente por essa indeterminação que a enunciação é eficiente. A dificuldade de uma definição estável de populismo é uma consequência direta da transformação contemporânea do actante coletivo, ao qual chamamos povo, que é, ele próprio, hoje em dia, indeterminado, flutuante e heterogêneo. Um dos desdobramentos dessa situação consiste em reivindicar a denominação populista, porque essa reivindicação pública é uma legitimação tanto da existência de um actante coletivo chamado povo quanto da coerência de temas e posições políticos associados. Assim, circunscrevemos o problema a ser tratado: por um lado, atribuímos ao populismo temas e posições políticos que não lhe são específicos e, por outro, associamos o populismo a paixões tristes (desconfiança, rejeição ao outro, sofrimento, ódio, medo...). Segundo pesquisas de opinião pública, tais paixões são compartilhadas pela maioria dos cidadãos, muito além apenas daqueles que votam nos candidatos populistas. Nossa hipótese é, então, que, no caso do voto e da expressão política populistas, essas paixões chamadas tristes funcionam como atratores dos temas e posições políticos associados ao populismo.

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Publicado

17/09/2020