O liberalismo e os novos intérpretes do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47284/2359-2419.2022.32.1941

Palavras-chave:

Estado nacional, liberalismo, trajetória dependente

Resumo

Como disciplina autônoma, o Pensamento Político Brasileiro é perpassado pelos debates envolvendo as influências marcantes que prevaleceram na formação do Estado nacional, bem como seu impacto na trajetória histórica (path dependence) do desempenho das instituições políticas. Debates públicos recentes, sobretudo na imprensa, reatualizaram a abordagem desse relevante tema, notadamente a polêmica envolvendo o cientista político Marcus Melo e o sociólogo Jessé de Souza. O presente artigo escrutina as posições externadas por cada um dos polemistas apontados, conectando-os com a já rica tradição sobre o tema. A conclusão principal é que a polêmica analisada reverbera, ainda hoje, a profunda divisão nesse campo de estudo sobre a adoção dos pressupostos básicos do liberalismo, agravada pela forte tradição iliberal que permeia a trajetória histórico-institucional dos países latino-americanos, incluindo o Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

ALSTON, L. et al. Brazil in Transition: beliefs, leadership, and institutional change. Princeton: Princeton University Press, 2016.

CORRALES, J. Autocratic Legalism in Venezuela. Journal of Democracy, Baltimore, v.26, n.2, p. 37-51, 2015.

DIAMOND, L. Thinking about Hybrid Regimes. Journal of Democracy, Baltimore, v.13, n.2, p. 21-35, 2002.

FAUSTO, R. Ainda a esquerda: resposta ao economista Samuel Pessoa. Revista Piauí, Rio de Janeiro, n.125, p. 57-61, 2017.

FAUSTO, R. Reconstruir a esquerda: um balanço crítico da experiência histórica e algumas ideias para o futuro. Revista Piauí, Rio de Janeiro, n.121, p. 42-58, 2016.

GAMBOA, La. Venezuela: aprofundamento do autoritarismo ou transição para a Democracia? Relações Internacionais, Lisboa, n.52, p. 55-66, 2016.

GASPAR, M. A organização: a Odebrechet e o caso de corrupção que chocou o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

GRAYCAR, A. Corruption: classification and analysis. Policy and Society, Amsterdam, v.34, n.2, p. 87-96, 2015. Disponível em: 10.1016/j.polsoc.2015.04.001. Acesso em: 20 jan. 2019.

HERITAGE FOUNDATION. Index of Economic Freedom 2019. Washington: Heritage Foundatio, 2019. p. 1-5, 2019. Disponível em: https://www.heritage.org/index/pdf/2019/book/index_2019.pdf. Acesso em: 1 jul. 2019.

KORNBLITH, M. Chavismo after Chávez? Journal of Democracy, Baltimore, v.24, n.3, p. 47-61, 2013.

KURER, O. Why do voters support corrupt politicians? In: JAIN, A. K. (org.). The Political Economy of Corruption. New York: Routledge, 2001. p. 63-86.

LEVINE, D.; MOLINA, J. E. Calidad de la Democracia en Venezuela. America Latina Hoy, Salamanca, v.62, p. 157-175, 2012.

LEVINE, D. The decline and fall of Democracy in Venezuela: ten theses. Bulletin of Latin American Research, Hoboken, v.21, n.2, p. 248-269, 2002.

MELO, M. A. Lava Jato. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 jun. 2019a, p. 1-2. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2019/06/lava-jato.shtml. Acesso em: 19 jan. 2020.

MELO, M. A. A democracia liberal no Brasil. Folha de São Paulo, São Paulo, 07 jan. 2019b, p. 1-3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2019/01/a-democracia-liberal-no-brasil.shtml. Acesso em: 19 jan. 2019.

MELO, M. A. A Malaise política no Brasil: causas reais e imaginárias. Journal of Democracy, Baltimore, v.6, n.2, p. 69-95, 2017.

MELO, M. A. Raízes do Brasil político: os caminhos de um projeto iliberal. Folha de São Paulo, São Paulo, 31 jan. 2016. Ilustríssima, p.1-6. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/01/1734970-raizes-do-brasil-politico-os-caminhos-de-um-projeto-iliberal.shtml. Acesso em: 29 abr. 2019.

MELO, M. A. Tempestade perfeita ameaça o governo Dilma, diz acadêmico: entrevista a Fernando Canzian. Folha de São Paulo, São Paulo, 23 fev. 2015, p. 1-4, 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1593286-tempestade-perfeita-ameaca-o-governo-dilma-diz-academico.shtml. Acesso em: 20 jul. 2019.

MORAES, C. Quando o PT estava do outro lado: a sigla lidera pedidos de impeachment. El País, São Paulo, 18 abr. 2016, p. 1-4. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/18/politica/1460937256_657828.html. Acesso em: 04 fev. 2020.

NETO, L. Getúlio 1945-1954: da volta pela consagração popular ao suicídio. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

NORTH, D. Custos de transação, instituições e desempenho econômico. Rio de Janeiro: Instituto Liberal e Instituto Millenium, 2006.

PESSOA, S. A armadilha em que a esquerda se meteu. Revista Piauí, n.123, Rio de Janeiro, p. 38-42, 2016.

POPPER, K. A sociedade aberta e seus inimigos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988. v.2.

RANGEL, C. Do bom selvagem ao bom revolucionário. São Paulo: Faro Editorial, 2019.

SANTOS, W. G. O paradoxo de Rousseau: uma interpretação democrática da Vontade Geral. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

SELIGSON, M. A. The measurement and impact of corruption victimization: survey evidence from Latin America. World Development, Amsterdam, v.34, v.2, p. 381-404, 2006.

SILVA, H. Nasce a República – 1888/1894. São Paulo: Grupo de Comunicação Três AS, 1998.

SOUZA, J. A elite do atraso: da escravidão a Bolsonaro. Rio de Janeiro: GMT, 2019.

SOUZA, J. Escravidão, e não corrupção, define a sociedade brasileira. Folha de São Paulo, São Paulo, 22 set. 2017. Ilustríssima, p. 1-4. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1920559-escravidao-e-nao-corrupcao-define-ciedade-rasileira-diz-jesse-souza.shtml. Acesso em: 24 abr. 2019.

SOUZA, J. A quem serve a classe média indignada? Folha de São Paulo, São Paulo, 10 jan. 2016. Ilustríssima, p. 1-8. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/01/1727369-a-quem-serve-a-classe-media-indignada.shtml. Acesso em: 29 abr. 2019.

URRIBARRÍ, R. Venezuela (2015): un Régimen Híbrido en Crisis. Revista de Ciência Política, Santiago, v.36, n.1, p. 365-381, 2016.

URRIBARRÍ, R. Courts between Democracy and Hybrid Authoritarianism: evidence from the Venezuelan Supreme Court. Law & Social Inquiry, Cambridge, v.36, n.4, p. 854-884, 2011.

TREISMAN, D. The causes of corruption: a cross-national study. Journal of Public Economics, Amsterdam, v.76, p. 399-457, 2000.

WEITZ-SHAPIRO, R.; WINTERS, M. Political corruption and partisan engagement: evidence from Brazil. Journal of Politics in Latin America, Hamburgo, v.7, n.1, p. 45-81, 2015.

Downloads

Publicado

21/10/2022