Gênero, representação política e os processos de interdição das mulheres no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v23iesp.2.17005Palavras-chave:
Sub-representação, Gênero, Política, BrazilResumo
No Brasil, a sub-representação de mulheres em cargos eletivos aponta para uma democracia não consolidada. Os 17% de representação feminina na Câmara Federal retratam as dificuldades do Estado brasileiro de elevar os patamares de presença feminina, mesmo considerando a política de cotas. Tais dificuldades se explicam na cultura patriarcal que perpassa as organizações sociais e instituições políticas, entre as quais os partidos e sindicatos. Ao comparar o Brasil com outras nações latino-americanas, observa-se que países como Argentina, Bolívia e Costa Rica alcançaram patamares semelhantes aos europeus. O recente impeachment que resultou na destituição de Dilma Rousseff da presidência do país evidencia que no Brasil, o conservadorismo, o patriarcado e a misoginia são perpetuados nas relações políticas, sustentados pela mídia, setores do judiciário e pelas bancadas fundamentalistas do Congresso. Esses fatos têm contribuído para acirrar mais ainda as desigualdades de gênero e classe. Este texto apresenta reflexões construídas a partir de estudos e pesquisas desenvolvidas nas duas últimas décadas (2010, 2015, 2019), enriquecidas por diálogos com diversos autores que denotam que a cultura patriarcal tem sido um dos fatores que mais incide sobre a violência política que interdita as mulheres de ter uma presença mais efetiva nos espaços de poder e decisão. Os resultados eleitorais apresentados denotam essa assertiva que se afirma na desvalorização das mulheres e na superioridade masculina.
Downloads
Referências
ALMEIDA, M. A. Violências contra as mulheres no Maranhão e a atuação do legislativo estadual para o seu enfrentamento: análise das proposições legislativas apresentadas nos anos de 2011 a 2018. 2019. 178 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2019.
ALVES, B. M. Ideologia e feminismo: a luta da mulher pelo voto no Brasil. Petrópolis, 1980.
BIROLI, F. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
BORNER, J. A Lei de cota feminina: conquistas e desafios da experiência Argentina. In: COSTA, A, A, A. (org.). Trilhas do poder das mulheres: experiências internacionais em ações afirmativas. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2009. p. 62-89.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Brasília, DF: Presidência da República, 1943. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5452-1-maio-1943-415500-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 15 set. 2023.
BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. 2. ed. Brasília, DF: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed.pdf. Acesso em: 15 set. 2023.
COSTA, A. A. A. As donas do poder: mulher e política na Bahia. Salvador: NEIM/UFBa, 1998.
COSTA, A. A. A. (org.). Trilhas do poder das mulheres: experiências internacionais em ações afirmativas. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2009.
DAHLERUP, D. De uma pequena a uma grande minoria: uma teoria da “massa crítica” aplicada ao caso das mulheres na política escandinava. Debate Feminista, p. 142-183, 1999.
FEDERICI, S. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.
FERREIRA, M. M. As Caetanas vão à luta: feminismos e políticas públicas no Maranhão. São Luís: EDUFMA, 2007.
FERREIRA, M. M. Os Bastidores da Tribuna: mulher, política e poder no Maranhão. São Luís: EDUFMA, 2010.
FERREIRA, M. M. Vereadoras e prefeitas maranhenses: ação política e gestão municipal com enfoque de gênero. São Luís: EDUFMA, 2015.
FERREIRA, M. M. Mulheres, protagonismo e sub-representação: dados para pensar e transformar as relações de gênero no Maranhão. São Luís, 2019.
FERREIRA, M. M. Mulheres, protagonismo e sub-representação: dados para pensar e transformar as relações de gênero no Maranhão. São Luís, 2020.
FERREIRA, M. M. Gênero, sexualidades e educação no Brasil e suas imbricações no exercício político das mulheres. In: SILVA, S. M. P. da; MACHADO, R. N. da S. Gêneros e diversidades e inclusão educacional. Curitiba: CRV, 2022. p. 131-148.
HAHNER, J. A mulher brasileira e suas lutas sociais: 1850-1937. São Paulo: Brasiliense, 1981.
KIST, J. S. Crise na Bolívia: protestos e a renúncia de Evo Morales. Politize, 22 nov. 2019. Disponível em: https://www.politize.com.br/bolivia/?https://www.politize.com.br/&gclid=EAIaIQobChMIgpLc9fqxgQMVCkeRCh239wZiEAAYASAAEgKbp_D_BwE. Acesso em: 15 set. 2023.
LERNER, G. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. Tradução: Luiza Sellera, São Paulo: Cultrix, 2019.
MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 14. ed. São Paulo: Bertrand, 1994.
NASCIMENTO, S. M. V do. Mulheres negras e ação política: processos que vem de longe. In: FERREIRA, M. M. Mulheres, protagonismo e sub-representação: dados para pensar e transformar as relações de gênero no Maranhão. São Luís, 2020, p. 55-65.
PERROT, M. Minha história das mulheres. Tradução: Ângela Corrêa. São Paulo: Contexto, 2005a. 190 p.
PERROT, M. As mulheres e o silêncio da história. Bauru, SP: EDUCS, 2005b.
SOUZA, J de. A Elite do atraso: da escravidão à lava jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
VALE, M. de S. Mulheres no Poder: a trajetória política de Eunice Michiles, a primeira senadora no Brasil. São Paulo: Apris, 2020.
XAVIER, R. M. ‘Como vota, deputado?’: relembre sessão de abertura do impeachment de Dilma. Poder 360, [S. l.], 17 abr. 2017. Disponível em: https://www.poder360.com.br/brasil/como-vota-deputado-relembre-sessao-de-abertura-do-impeachment-de-dilma. Acesso em: 12 jun. 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.