Da Madraça à Universidade: itinerários de jovens tamacheque no Egito

Autores

Palavras-chave:

Juventude Africana e Educação Superior, História do Saara contemporâneo, Kel Tamacheque, Mobilidade africana e educação no Egito, Educação e horizontes imaginativos,

Resumo

A atenção neste artigo recai sobre os itinerários formativos de jovens tamacheque no Egito, que iniciaram seus estudos em escolas corânicas (madraças). Eles foram atraídos por Al-Azhar, importante universidade muçulmana, no entanto, todos entenderam a importância de realizar estudos pós-graduados na Universidade do Cairo, que lhes daria acesso ao que chamam de ‘estudos modernos’. A discussão baseia-se em trabalho de campo – realizado no Egito entre 2010 e 2015 e no Mali, entre 2010 e 2017 –, com diferentes momentos de observação, entrevistas, convívio, passeios e viagens de grupo. As narrativas convergem para a experiência e percepção da importância dos estudos por eles chamados de “modernos”, sobretudo, no contexto da vida de pessoas que iniciaram sua formação nas escolas corânicas ou franco-árabes. Esses jovens atravessaram fronteiras de diversas ordens – físicas, afetivas e simbólicas –, construindo projetos possíveis, movimentando-se por meio do real que foram, simultaneamente, criando.

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Biografia do Autor

Denise Dias Barros, Universidade de São Paulo (Usp), São Paulo – SP

Antropóloga e terapeuta ocupacional dedicada aos estudos africanos, particularmente selo-saarainos com ênfase nas sociedades Dogon e Kel Tamacheque. Docente e orientadora do Programa de Pós-graduação Interunidade em Estética e História da Arte da USP. pesquisadora e membro da Casa das Áfricas, núcleo Amanar. O foco atual das suas pesquisas está em educação e mobilidade, saberes e culturas expressivas.

Mahfouz Ag Adnane, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc), São Paulo – SP

É doutorando e mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/SP. Graduou-se em história em 2010 pela Universidade Al-Azhar, Egito. Realizou especialização e mestrado em História Africana Contemporânea na Universidade do Cairo, Egito - Instituto de Pesquisa e Estudos Africanos. Dedica-se aos estudos sobre a história do Saara, principalmente, da sociedade Tamacheque (Tuaregue), tanto no período colonial como após as independências dos países africanos. É membro e pesquisador da Casa das Áfricas, núcleo Amanar; membro do CECAFRO, Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora

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Publicado

06/07/2018