Rupturas gritantes urgentes no silenciamento de corpos dissidentes na formação médica da UACV/CFP/UFCG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18179

Palavras-chave:

Currículo, Formação médica, Gênero, Sexualidade, LGBTQIA

Resumo

As questões colocadas nos documentos oficiais que norteiam a formação médica estão inseridas nas teorizações críticas de currículo, mas o currículo não é um artefato neutro e de transmissão desinteressada. Portanto, o objetivo do presente estudo é analisar como as questões de dissidências de corpos são acionadas no Projeto Pedagógico do Curso de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande, através de metodologia amparada nos pressupostos pós-críticos de estudo em educação. Foi constatado que a construção do PPC se deu de forma arbitrária e interessada, se orientando por DCN que não acolhem os conceitos de corpo, sexualidade e saúde na diversidade. Refletir sobre o corpo, em todas as suas dimensões, e sua correlação com as práticas de saúde e de ensino, é fundamental para se (re)pensar a formação acadêmica, cuidado em saúde e, consequentemente, a construção de conhecimentos numa lógica de justiça social e dos direitos humanos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fabíola Jundurian Bolonha, Universidade Federal de Campina Grande

Professora Adjunta do Curso de Graduação em Medicina da Unidade Acadêmica de Ciências da Vida. Doutorado em Educação (UFS).

Alfrancio Ferreira Dias, Universidade Federal de Sergipe

Professor do Departamento de Educação e da Pós-graduação em Educação. Doutorado em Sociologia (UFS). Pós-doutorado (University of Warwick, UK).

Referências

BOLONHA, F. J. et.al. Barreiras de acesso aos serviços de saúde enfrentadas pela população trans no Brasil: uma revisão narrativa. In: NASCIMENTO, A. R. S et al. (org.). Nem tudo é arco-íris: interfaces de saúde da população LGBTQIA+. João Pessoa: Ative, 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES n. 04, de 7 de novembro de 2001. Dispõe sobre as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em medicina. Brasília, DF: MEC, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES04.pdf. Acesso em: 9 ago. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2. ed. Brasília, DF: MS, FUNASA, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 992, de 13 de maio de 2009. Institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Brasília, DF: MS, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt0992_13_05_2009.html. Acesso em: 10 jul.2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.836, de 1º de dezembro de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT). Brasília, DF: MS, 2011. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2836_01_12_2011.html. Acesso em: 10 jul. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta. 1. ed. 1. reimp. Brasília, DF: Editora do Ministério da Saúde, 2013.

CALAZANS, G. J. et al. A experiência de implantação da Política de Saúde Integral para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) no município de São Paulo. BIS. Boletim do Instituto de Saúde, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 105–115, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/bis/article/view/34601. Acesso em: 27 out. 2021.

CARDOSO, M. R.; FERRO, L. F. Saúde e população LGBT: demandas e especificidades em questão. Psicologia: ciência e Profissão, v. 32, n. 3. p. 552-563, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/8pg9SMjN4bhYXmYmxFwmJ8t/?lang=pt. Acesso em: 12 ago. 2020.

DELEUZE, G. O abecedário de Deleuze. Entrevista concedida à Claire Parnet, 1994. Transcrição integral do vídeo. Disponível em: http://escolanomade.org/wp-content/downloads/deleuze-o-abecedario.pdf. Acesso em: 13 out. 2020.

FERNANDES, M.; SOLER, L.; LEITE, M. C. Saúde das mulheres lésbicas e atenção à saúde: nem integralidade, nem equidade diante das invisibilidades. BIS. Boletim do Instituto de Saúde, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 37–46, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/bis/article/view/34586. Acesso em: 9 set. 2022.

FISHER, R. M. B. Trabalhar com Foucault: arqueologia de uma paixão. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 02 de dezembro de 1970. Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

FOUCAULT, M. O corpo utópico: As Heterotopias. São Paulo: N-1 Edições, 2013.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 5. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017.

FOUCAULT, M. A arqueologia do Saber. Tradução: Luiz Felipe Baeta Neves. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2019.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. – 9ª ed. – Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2020.

GIANNA, M. C.; MARTINS, R. B.; SHIMMA, E. Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais: desafios e realizações. BIS. Boletim do Instituto de Saúde, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 98-104, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/bis/article/view/34595. Acesso em: 9 set. 2022.

GOELLNER, S. V. A produção cultural do corpo. In: LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S. V. G. (org.). Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

HARAWAY, D. “Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX”. In: HARAWAY, D.; KUNZRU, H.; SILVA, T. T. Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

LONGHI, M. P. Ampliando o olhar para a população LGBT em um grupo de discussão com trabalhadores de saúde: potencialidade e desafios. BIS Boletim do Instituto de Saúde, v. 19, n. 2, p. 116-124, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/bis/article/view/34604. Acesso em: 1 out. 2022.

MAIA, A. C. B. Sexualidade e Deficiências. 1. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2006.

MÉLLO, R. P. et al. XY0: Dispositivo da sexualidade e saber médico no controle dos corpos intersex. In: ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO PSICOLOGIA SOCIAL E POLÍTICAS DE EXISTÊNCIA: FRONTEIRAS E CONFLITOS, 15., 2009, Maceió. Anais [...]. Maceió, 2009.

MEYER, D. E. Abordagens pós-estruturalistas de pesquisa na interface educação, saúde e gênero: perspectiva metodológica. In: MEYER, D. E.; PARAISO, M. A. (org.). Metodologia de pesquisa pós- crítica em educação. 2. ed. Belo Horizonte: MAZZA Edições, 2014.

NEGREIROS, F. R. N. et al. Saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais: da Formação Médica à Atuação Profissional. Rev. bras. educ. med., Brasília, v. 43, n. 1, p. 23-31, mar. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/tfbkrZY79FzFFHCnHpcffCw/?lang=pt. Acesso em: 12 set. 2022.

PARAÍSO, M. A. Pesquisas pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 122, p. 283-303, maio/ago. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/JrF5H8r96wRTvTDLSzhYpcM/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20 jun. 2022.

PARAÍSO, M. A. Pesquisas pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 122, p. 283-303, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/JrF5H8r96wRTvTDLSzhYpcM/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 set. 2022.

PARAÍSO, M. A. Metodologias de pesquisas pos-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos procedimentos e estratégias analíticas. In: MEYER, D. E.; PARAISO, M. A. (org.). Metodologia de pesquisa pós-crítica em educação. 2.ed. Belo Horizonte: MAZZA, 2014. 312 p.

PARRA, V. Volver a los diecisiete. Santiago: RCA Victor, 1962.

PINO, N. P. A teoria queer e os intersex: experiências invisíveis de corpos des-feitos. Cadernos Pagu, v. 28, p. 149-174, jan./jun. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/knKyktZNBTwJrkF9dL3zvbB/?lang=pt. Acesso em: 13 set. 2022.

RUFINO, A. C.; MADEIRO, A. P. 6 Práticas Educativas em Saúde: Integrando Sexualidade e Gênero na Graduação em Medicina. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 41, n. 1, p. 170-178, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/HtB4x6nMgfpSjfYXzLvY8kB/?lang=pt. Acesso em: 13 jun. 2022.

SAADEH, A. et al. AMTIGOS - Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual, do IPq-HCFM/USP: proposta de trabalho com crianças, adolescentes e adultos. BIS. Boletim do Instituto de Saúde, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 86–97, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/bis/article/view/34595. Acesso em: 13 set. 2022.

SENA, A. G. N.; SOUTO, K. M. B. Avanços e desafios na implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. Tempus actas de saúde coletiva, v. 11, n. 1, p. 9-28, 2017. Disponível em: https://www.tempus.unb.br/index.php/tempus/article/view/1923. Acesso em: 23 jun. 2022.

TÓRTORA, S.; LIMA, A. H. M.; SILVA, R. G. Resistências e devires: um “bom encontro” a partir da literatura menos de Violeta parra em “Volver a los Diecisiete”. Latitude, v. 12, n. 1, p. 172-192, 2018. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/latitude/article/download/172/pdf/26157. Acesso em: 18 jun. 2022.

UFCG. Universidade Federal de Campina Grande. Projeto Pedagógico do Curso de Medicina UFCG. Campina Grande, PB: UFCG, 2017.

Publicado

01/08/2023

Como Citar

BOLONHA, F. J.; DIAS, A. F. Rupturas gritantes urgentes no silenciamento de corpos dissidentes na formação médica da UACV/CFP/UFCG. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 24, n. esp.1, p. e023015, 2023. DOI: 10.30715/doxa.v24iesp.1.18179. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/18179. Acesso em: 27 abr. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)