Estilhaços

Sobre modos (im)possíveis de pensar políticas queer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18175

Palavras-chave:

Políticas queer, Políticas antigênero, Políticas educacionais

Resumo

A partir da composição de pequenas cenas que rememoram episódios recentes que retratam as disputas em torno das questões de gêneros e sexualidades no campo das políticas públicas no Brasil, procuro refletir sobre as (im)possibilidades de falarmos em políticas queer. Não seria utópico falarmos em políticas queer em uma sociedade ancorada em uma cultura cisheteropatriarcal e colonial? Se, por um lado, as cenas nos mostram que houve uma intensificação e fortalecimento de grupos e organizações antigênero, que vêm atuando dentro e fora das instituições no intuito de impedir avanços relacionados às políticas de gênero, elas também expõem o nível de (des)comprometimento de governos de esquerda com essas mesmas pautas. Como espelhos quebrados, essas cenas no ajudam a compreender esse cenário e imaginar, como nos sugere a pensadora Jota Mombaça, outros mundos possíveis a partir da quebra, da politização das feridas.

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Biografia do Autor

Késia dos Anjos Rocha, Universidade Federal de Sergipe

Doutoranda em Educação.

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Publicado

01/08/2023

Como Citar

ROCHA, K. dos A. Estilhaços: Sobre modos (im)possíveis de pensar políticas queer. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 24, n. esp.1, p. e023007, 2023. DOI: 10.30715/doxa.v24iesp.1.18175. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/18175. Acesso em: 27 abr. 2024.

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