A exortação do poder pastoral na educação das crianças em um tratado de Alexandre de Gusmão, América Portuguesa (Século XVII)
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v21.n2.2017.9955Palavras-chave:
Infância. Vigilância. Punição. Poder pastoral. Alexandre de Gusmão.Resumo
Neste artigo pretende-se, a partir das categorias conceituais vigilância e punição, analisar as estratégias que orientavam o processo de constituição dos sujeitos masculinos infantis, no contexto luso-brasileiro do final do seiscentos, presentes na obra Arte de crear bem os Filhos na idade da Puericia. Escrita na América portuguesa, mas publicada em Portugal no ano de 1685, a obra de autoria do padre jesuíta Alexandre de Gusmão (1629-1724) oferecia um elenco de normativas que definiam como se deveria formar um “perfeito menino”. A partir de uma analítica foucaultiana identificamos nas prédicas do jesuíta uma incitação discursiva ao mecanismo do poder pastoral através de um conjunto de recomendações para os pais sobre a importância de vigiar as crianças e de como disciplinar e castigar estes meninos para se “bem crear”.
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