Educação: arte como arte do rompimento ou da desconstrução

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29373/sas.v9i1.14213

Palavras-chave:

Educação, Arte na educação, Escola, Sociedade.

Resumo

Educação formal é, mormente, a escolar, feita numa instituição ad hoc, em parte compulsória (constitucional), com legislação própria, em geral rígida, com tonalidades domesticadoras flagrantes e oferecida por profissionais exclusivos. Esta visão analítica pode pender para uma crítica ácida, mas, antes de mais nada, faz uma constatação natural no mundo da vida: as instituições são ambíguas por natureza, tal qual a própria vida e suas espécies. Família, uma das instituições biológicas mais fundamentais e fundantes da sociedade também é ambígua: muitas são o lugar ideal para alguém se criar; nem todas, porém, e sem culpa quiçá, por conta de condições insuficientes de sobrevivência. Algumas famílias degringolam, se desfazem, tornando-se sua destituição preferível a manter um inferno de convivência impossível. Assim parece ser: a “normalidade” da vida é ambígua, seja porque a politicidade sempre ressurge como componente crucial, mesmo no pano de fundo, ou porque as validades sociais e históricas são relativas, ainda que não relativistas, ou porque humanos são criaturas maleáveis o suficiente para mudar de posição, de condição, de crença etc. Daí segue que educar rigidamente é contraproducente, porque a rigidez da vida é inventada. A vida biológica é plástica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Demo, Universidade de Brasília (UnB), Brasília – DF

Professor Emérito. Doutorado em Sociologia pela Universidade do Sarre (Universität des Saarlandes) – Alemanha. Bolsista Produtividade 1B CNPq.

Maria Cecília de Souza Minayo, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro – RJ

Professora Emérita. Doutorado em Saúde (FIOCRUZ). Bolsista Produtividade 1A CNPq.

Renan Antônio da Silva, Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS), Varginha – MG

Pesquisador Titular no Departamento de Pesquisa. Doutorado em Educação Escolar (UNESP).

Referências

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). Educação é a Base. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 20 set. 2020.

BELLAH, R. N. Religion in Human Evolution: from the Paleolithic to the axial age. The Belknap Press of Harvard University Press, Cambridge. 2011.

BHASKAR, R. From science to emancipation: alienation and the actuality of Enlightenment. Sage. 2003.

BICKEL, B. A.; CARTER, M. (Eds.). Studies in arts-based educational research. Springer, 2020

BLACK, M. Education as art and discipline. Ethics, v. 54, n. 4, p. 290-294, 1944

BLOCH, E. Das prinzip hoffnung. Frankfurt: Suhrkamp, 1959. v. 2

BLOCH, E. Zur ontologie des noch-nicht-seins. Frankfurt: Suhrkamp, 1961.

BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. São Paulo: GMT, 2006.

BOFF, L. São Francisco de Assis. Petrópolis: Vozes, 2007.

CLARK, I. E. et al. “Deconstructing” scientific research: A practical and scalable pedagogical tool to provide evidence-based science instruction. PLOS Biology, San Francisco, v. 7, n. 12, dez. 2009.

CONSTANTIN, A. Ciência e rebeldia. Opinião, 3 set. 2020.Disponível em: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-tendencias/noticia/2020/09/andre-costantin-ciencia-e-rebeldia-13044929.html. Acesso em: 20 set. 2020.

DAVIES, P. The demon in the machine. Penguin, 2019.

DAVIS, J. H. Framing education as art: the octopus has a good day. International Journal of Education & the Arts, Pennsylvania State University, v. 6, n. 3, p. 1-16, 2005.

DEMO, P. Saber pensar é questionar. LiberLivro, 2010.

DEMO, P. Teologia da prosperidade. 2017. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1aRWvy4PSBUQDeKg2iKLoug56Zye0tI1AsVjEVXw3l6o/pub. Acesso em: 20 set. 2020.

DEMO, P. BNCC: ranços e avanços. 2019. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1iNN-LQuf-9rJe6wFQoHl9kQzUKqjzDBj/view. Acesso em: 20 set. 2020.

DEMO, P. Escola e cuidado. 2019a. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1XKQDqJHfNMFEnN2gVF1n6yZmEmoYkS34/view. Acesso em: 20 set. 2020.

DEMO, P. Educação à Deriva: à direita e à esquerda: instrucionismo como patrimônio nacional. 2020. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/10nMlgL8N9GKFgwtnbL-bIn7GQf0HdyA4/view. Acesso em: 20 set. 2020.

DEMO, P. Por que tristeza não tem fim, felicidade sim? 2020a.Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1ad-U9Jw8yPf48sQrTU8HHTUm3k2dWAn_/view. Acesso em: 20 set. 2020.

DYSON, F. The scientist as rebel. New York: New York Review Books, 2006.

GOBER, M. An end to upside down thinking: dispelling the myth that the brain produces consciousness, and the implications for everyday life. New York: Waterside Press: 2018.

GUNVE, F. Doing (art) education as art (education). In: KNIGHT, L; CUTCHER, A. L. (Eds.). Arts-Research-Education. Studies in Arts-based Educational Research. Springer. 2017. v. 1.

HARARI, Y.N. Sapiens: a brief history of humankind. London: Harper, 2015.

HARARI, Y.N. Homo Deus: a brief history of tomorrow. London: Harper, 2017.

HARRIS, S. Waking up: a guide to spirituality without religion. New York: Amazon, 2014.

HUME, D. An Enquiry concerning human Understanding: and other writings. Cambridge University Press, 2007.

HUXLEY, A. On science and art in relation to education. Collected Essays. 1882. Disponível em: https://mathcs.clarku.edu/huxley/CE3/ScRe.html. Acesso em: 20 set. 2020.

KAU, A. Deconstruction and science: how post-secondary literary theory applies to scientific understanding. 2001. Disponível em: http://sites.science.oregonstate.edu/~stetza/ph407H/Deconstruction.pdf. Acesso em 20 set. 2020.

KAUFFMAN. S. A. A world beyond physics: the emergence and evolution of life. Oxford U. Press, 2019.

KIPLING, R. The science of rebellion: a tract for the times (The Imperial South Africa Association). The Kipling Society. 1901. Disponível em: http://www.kiplingsociety.co.uk/rebellion.htm. Acesso em: 20 set. 2020.

KLEIN, R.G. The Dawn of Human Culture. New York: John Wiley & Sons, Inc., 2002.

KISIDA, B.; BOWEN, D. H. New evidence of the benefits of arts education. Brooking, 2019. Disponível em: https://www.brookings.edu/blog/brown-center-chalkboard/2019/02/12/new-evidence-of-the-benefits-of-arts-education/. Acesso em: 20 set. 2020.

KRISTIANSEN, C.; LUND, K.; DAMIAN, B. L. Reflections on the project “Art as Education, Education as Art”. 2017. Disponível em: https://www.uia.no/studenter-i-forskningsprosjekt/reflections-on-the-project-art-as-education-education-as-art. Acesso em: 20 set. 2020.

LASZLO, E. et al. What is reality? The new map of cosmos, consciousness, and existence. New York: SelectBooks, 2016.

LEE, K. F AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the new world order. New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2018.

MERZ, M.; KNORR CETINA, K. Deconstruction in a “thinking” science: Theoretical physicists at work. Social Studies of Science, v. 27, n. 1, p. 73-111, 1997.

MILANOVIC, B. Capitalism, alone: the future of the system that rules the world. Harvard U. Press, 2019.

MINAYO, M. C. S. Orientação de mestrandos e doutorandos como atividade profissional. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 35, n. 10, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2019001200301&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 set. 2020.

MINAYO, M. C. S.; DEMO, P.; SILVA, R. A. Pessoas com Deficiência (PcD) egressas de uma formação profissional: trabalho e educação. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. 4, p. 1703-1729, jun. 2020. ISSN 1982-5587. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/13816. Acesso em: 21 set. 2020.

NATALE, C. 2012. Education is an art: not a science. The Wonder of Childhood, 2012. Disponível em: http://thewonderofchildhood.com/2012/03/education-is-an-art-not-a-science/. Acesso em 20 set. 2020.

PARKER, L.; WELCH, C. 3 things you need to know about the science rebellion against Trump. National Geographic, 2017. Disponível em: https://www.nationalgeographic.com/news/2017/01/scientists-march-on-washington-national-parks-twitter-war-climate-science-donald-trump/. Acesso em: 20 set. 2020.

PIKETTY, T. Capital and ideology. Harvard U. Press, 2020.

RACHELLE. What does art education mean to you? TinkerLab, 2014. Disponível em: https://tinkerlab.com/art-education-mean/. Acesso em: 20 set. 2020.

RADCLIFFE, J. The science of rebellion (Notes). 2009. Disponível em: http://www.kiplingsociety.co.uk/rg_rebellion1.htm. Acesso em: 20 set. 2020.

RASMUSSEN, D. C. The infidel and the professor: David Hume, Adam Smith, and the friendship that shaped modern thought. Princeton U. Press, 2018.

RIPLEY, A. The Smartest Kids in the World: And How They Got That Way. New York: Simon & Schuster, 2013.

ROVELLI, C. Science is rebellion: knowledge relies on throwing out what we think. IAI News – Changing how the world thinks. 2014. Disponível em: https://iai.tv/articles/science-is-rebellion-auid-455. Acesso em: 20 set. 2020.

SCHUMPETER, J. A. Can capitalism survive? Creative destruction and the future of the global economy. Harper Perennial Modern Classics, 2009.

STEINER, R. The Kingdom of childhood: introductory talks on Waldorf education. Foundations of Waldorf Education, SteinerBooks, 1995.

STEINER, R. The education of the child. Foundations of Waldorf Education, SteinerBooks, 1996.

STEINER, R. et al. Education as an Art. SteinerBooks, 1988.

ZHAO, Y. Who is afraid of the big bad dragon: why China has the best (and the worst) education system in the world. San Francisco: Jossey-Bass, 2014.

ZHAO, Y. What works may hurt: side effects in education. Teachers College Press, 2018.

ZHAO, Y.; EMLER, T. E.; SNETHEN, A.; YIN, D. An education crisis is a terrible thing to waste: how radical changes can spark student excitement and success. Teachers College Press, 2019.

ZIEGFELD, E. Education and art: a symposium. UNESCO, 1954. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000000457. Acesso em 20 set. 2020.

ZIMMERMANN, H. Waldorf-Pädagogik weltweit. Freunde der Erziehungskunst, 2001.

Publicado

30/09/2020

Como Citar

DEMO, P.; MINAYO, M. C. de S.; SILVA, R. A. da. Educação: arte como arte do rompimento ou da desconstrução. Revista Sem Aspas , Araraquara, v. 9, n. 1, p. 120–139, 2020. DOI: 10.29373/sas.v9i1.14213. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/semaspas/article/view/14213. Acesso em: 17 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.