Precisamos falar de gênero: por uma educação democrática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v13.nesp2.set2018.11657

Palavras-chave:

Educação democrática, Gênero, Conservadorismo, Resistência

Resumo

Os discursos moralizantes tem sido a tônica de uma agenda conservadora, no Brasil contemporâneo, como forma de abrir caminho para o conservadorismo político devassar as possibilidades de avanço social e democrático, construídas nos últimos quinze anos. Este cenário causa perplexidade e é grave para qualquer democracia. Profissionais que atuam na educação têm sido acusados de promover a chamada ideologia de gênero e as políticas têm excluído temas referentes às questões de gênero do currículo escolar, contrariando recomendações dos documentos oficiais, como o Plano Nacional de Educação, as Diretrizes Curriculares e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Na contramão deste entendimento, grupos formados por representantes de diferentes setores sociais, e em especial, professores/as, estudantes da escola básica e universidades têm agido e reagido para problematizar esta concepção e assegurar o respeito e a valorização da diversidade, em seu sentido mais amplo, reforçando a ideia da escola como espaço legítimo de formação das novas gerações, por meio da adoção de práticas democráticas. Defendemos que as questões sobre gênero e sexualidade já permeiam o cotidiano de estudantes da escola formal, o que é confirmado pelas duas iniciativas desenvolvidas em 2017, que apresentamos: o Grupo PET Conexões de Saberes/Interdisciplinar e o I Colóquio sobre Gênero e Educação. Em tempos de ataque à democracia é urgente a defesa de uma escolarização democrática e igualitária, assumindo-se a natureza plural do espaço da escola e das universidades públicas.

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Biografia do Autor

Sandra Maciel de Almeida, Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense

Professora Adjunta de Didática da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Atuou como Assessora-chefe da Assessoria Pedagógica da Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (ECG/ TCE-RJ), onde foi Professora de Metodologia da Pesquisa do curso de Pós-graduação em Gestão Pública Municipal. Pedagoga (UFF), com Mestrado e Doutorado em Educação (PROPED/ UERJ). Ao longo do doutorado desenvolveu a pesquisa: Educação de Mulheres e Jovens Privadas de Liberdade: um estudo de abordagem etnográfica. Integra o Núcleo de Didática e Formação de Professores da Faculdade de Educação da UFF. Tem experiência nas áreas de Gestão Pública; Educação e Comunicação; Etnografia e Educação, atuando principalmente com os temas: imagem, etnografia, exclusão e gênero. Integrante do Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica – OIIIIPe/UFF.

Lisete Jaehn, Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense/UFF

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora Adjunto III na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense/UFF. Membro do Grupo de Pesquisas Currículo, Docência e Cultura (CDC) da Universidade Federal Fluminense. Publicou o livro Educação para a emancipação em Adorno e artigos em periódicos especializados, tais como Currículo sem Fronteiras e Educação Temática Digital/UNICAMP. Tem experiência como docente nos cursos de Formação de Professores e experiência em gestão educacional. Atualmente sua área de estudos é Currículo e Didática, em temas como formação de professores, história do currículo e educação intercultural. Integrante do Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica – OIIIIPe/UFF.

Mônica Vasconcellos, Universidade Federal Fluminense (UFF) - Faculdade de Educação/ SSE

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, atuou como docente na mesma instituição entre 2009 e 2012. Desde 2013 é Professora de Didática da Universidade Federal Fluminense (UFF) - Faculdade de Educação/ SSE - e integra o Programa de Pós-graduação/Mestrado em Educação, além de ser membro do Grupo de Pesquisa Currículo, Docência e Cultura - UFF/CNPq (CDC). Com experiência nas áreas de Educação e Educação Matemática, tem desenvolvido projetos de pesquisa com apoio da CAPES, do CNPq, da FAPERJ e da FUNDECT, referentes aos seguintes temas: formação docente e práticas pedagógicas, saberes docentes, profissionalização do ensino, autonomia docente, interdisciplinaridade, desenvolvimento profissional e início da docência. Desde 2014 é tutora do Programa de Educação Tutorial - MEC (SESu) e, em função disso, coordena um grupo formado por alunos de diferentes licenciaturas (UFF) que desenvolvem estudos, elaboram e implementam projetos interdisciplinares em escolas públicas e realizam pesquisas relacionadas aos temas mencionados. Integrante do Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica – OIIIIPe/UFF.

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Publicado

01/09/2018

Como Citar

ALMEIDA, S. M. de; JAEHN, L.; VASCONCELLOS, M. Precisamos falar de gênero: por uma educação democrática. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 13, n. esp.2, p. 1503–1517, 2018. DOI: 10.21723/riaee.v13.nesp2.set2018.11657. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/11657. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos teóricos