Políticas de avaliação externa e a medicalização da educação: dos sentidos do “não aprender” até o “não ensinar”
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp5.14566Palavras-chave:
Políticas de avaliação externa, Culpabilização, Não aprender, Não ensinar, MedicalizaçãoResumo
Neste artigo, objetivamos analisar as políticas de avaliação externa e os efeitos concernentes ao “não aprender” e ao “não ensinar” como marcas da culpabilização e medicalização da educação. Por meio de um estudo bibliográfico, abordamos os constructos teóricos-conceituais que confrontam a lógica classificatória das avaliações no âmbito das políticas. Como procedimentos metodológicos do campo empírico, realizamos entrevistas dialogadas com professores de um município mineiro. Evidenciamos os sentidos e efeitos precípuos das políticas de avaliação marcadas pelo modus operandi neoliberal que afeta a organização do trabalho pedagógico, os estudantes e os docentes que são forçados a se enquadrarem em resultados e padrões eivados de interesses do mercado. Nesse caso, os sujeitos que não se atentam às expectativas quantitativas são culpabilizados e submetidos a dispositivos de poder que procuram enquadrá-los nos padrões definidos como normais e/ou ideais, ao explicitarem a lógica medicalizante.
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