Políticas de avaliação externa e a medicalização da educação: dos sentidos do “não aprender” até o “não ensinar”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp5.14566

Palavras-chave:

Políticas de avaliação externa, Culpabilização, Não aprender, Não ensinar, Medicalização

Resumo

Neste artigo, objetivamos analisar as políticas de avaliação externa e os efeitos concernentes ao “não aprender” e ao “não ensinar” como marcas da culpabilização e medicalização da educação. Por meio de um estudo bibliográfico, abordamos os constructos teóricos-conceituais que confrontam a lógica classificatória das avaliações no âmbito das políticas. Como procedimentos metodológicos do campo empírico, realizamos entrevistas dialogadas com professores de um município mineiro. Evidenciamos os sentidos e efeitos precípuos das políticas de avaliação marcadas pelo modus operandi neoliberal que afeta a organização do trabalho pedagógico, os estudantes e os docentes que são forçados a se enquadrarem em resultados e padrões eivados de interesses do mercado. Nesse caso, os sujeitos que não se atentam às expectativas quantitativas são culpabilizados e submetidos a dispositivos de poder que procuram enquadrá-los nos padrões definidos como normais e/ou ideais, ao explicitarem a lógica medicalizante.

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Biografia do Autor

Vilma Aparecida de Souza, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia – MG

Professora Adjunto III da Faculdade de Educação. Doutorado em Educação (UFU).

Leonice Matilde Richter, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia – MG

Professora Adjunto III da Faculdade de Educação. Doutorado em Educação (UFU).

Lázara Cristina da Silva, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia – MG

Professora Adjunto IV da Faculdade de Educação e Líder do Grupo de Pesquisa em Políticas e Práticas em Educação Especial e Inclusão GEPEPES. Doutorado em Educação (UFU).

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Publicado

01/12/2020

Como Citar

SOUZA, V. A. de; RICHTER, L. M.; SILVA, L. C. da. Políticas de avaliação externa e a medicalização da educação: dos sentidos do “não aprender” até o “não ensinar”. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp5, p. 2916–2931, 2020. DOI: 10.21723/riaee.v15iesp5.14566. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/14566. Acesso em: 28 mar. 2024.