O trabalho do professor EBTT: entre a exigência do capital e a possibilidade humana
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v22i3.11894Keywords:
Gerencialismo. Trabalho docente. Professor EBTT. Sofrimento.Abstract
Este artigo tem como objetivo discutir o trabalho do professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) do Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), a partir da análise do Regulamento da Atividade Docente (RAD), buscando compreender sua relação com as demandas do sistema neoliberal e o modelo gerencial na educação. Como suporte para nosso estudo, buscamos fundamentos em alguns conceitos de Dejours (2007), tais como sofrimento e prazer no trabalho, de Bauman (2005) sobre a modernidade, de Antunes e Praun (2015) saúde e trabalho e Sennett (2009) consequências do novo capitalismo para a personalidade do trabalhador. Além disso, trazemos Pacheco (2010) para discutir as questões relacionadas aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e os Professores EBTT, bem como a Lei de criação dos Institutos Federais - Lei nº 11.892/2008. Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica-documental que, além do levantamento teórico dos conceitos relacionados, analisou a Resolução nº 33/2017 que instituiu o RAD, regulamento que orienta as atividades e carga horária de trabalho do professor EBTT do IFRO. Os dados apontam para a complexificação do trabalho do professor EBTT, que o impele a exercer atividades além da docência e demanda uma flexibilidade que corrobora os achados teóricos sobre a pressão psicológica exercida pelas demandas do modelo gerencial nas instituições de ensino que podem, sobremaneira, intensificar o trabalho do professor, criando tensão entre as exigências do modelo do capital flexível e das possibilidades humanas.
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