Gestão, política curricular e algumas lições de um Brasil pandêmico

Reflexões a partir da pedagogia histórico-crítica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17119

Palavras-chave:

Gestão curricular, Pandemia, Lições, Pedagogia histórico-crítica

Resumo

Nesse artigo temos por objetivo central discutir, a partir do cenário brasileiro devastado pela pandemia causada pela COVID – 19 algumas alternativas para as políticas de “gestão curricular” por meio de cinco lições elaboradas, com base na pedagogia histórico-crítica. Metodologicamente, analisamos os cinco principais pareceres do Ministério da Educação que orientam as práticas de ensino durante o surto da doença, em seguida estabelecemos as relações dessas prescrições com alguns desafios de um Brasil mergulhado numa política negacionista. Preliminarmente elencamos as seguintes reflexões: existe um caráter contraditório na pasta de educação do MEC: ora incentivando o retorno irresponsável para as atividades presenciais, ora recomendando a adoção remota ligada ao caráter engessador, controlador e tecnificado da BNCC, há uma visão religiosa e conservadora que entende, o currículo como sendo um amontoado de conteúdos mínimos ou apenas uma lista de habilidades e competências a ser cumprida, uma retomada da visão liberal, tecnicista e tradicional.

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Biografia do Autor

Francisco Thiago Silva, Universidade de Brasília (UnB), Brasília – DF – Brasil

Professor do Departamento de Métodos e Técnicas e do Programa de Pós-Graduação, Modalidade Profissional (PPGEMP). Doutorado em Educação.

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Publicado

01/09/2022

Como Citar

SILVA, F. T. Gestão, política curricular e algumas lições de um Brasil pandêmico: Reflexões a partir da pedagogia histórico-crítica. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp.4, p. e022105, 2022. DOI: 10.22633/rpge.v26iesp.4.17119. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/17119. Acesso em: 28 mar. 2024.