Conhecimento e percepção valorativa de estudantes do ensino médio sobre a Lei de Cotas
Palavras-chave:
Lei de Cotas, Ações afirmativas, Ensino médio, Políticas públicas, Conhecimento, Percepções valorativasResumo
Este artigo analisa o grau de conhecimento e as percepções valorativas de estudantes do ensino médio público sobre a Lei de Cotas brasileira (Lei nº 12.711/2012, alterada pela Lei nº 14.723/2023). A pesquisa mobiliza dados originais de survey com 333 alunos da 3ª série do ensino médio em três escolas da zona leste de São Paulo. O instrumento incluiu itens de verdadeiro/falso, destinados a mensurar o nível de informação dos respondentes, e sentenças em escala Likert de quatro pontos, voltadas à análise de suas percepções valorativas. Os resultados revelam alto desconhecimento em questões centrais sobre critérios de elegibilidade, mas melhor desempenho em itens de caráter geral. No plano das percepções, pretos e pardos demonstram maior adesão à dimensão normativa-justificatória da política, enquanto brancos tendem a associá-la mais fortemente a potenciais efeitos negativos. O estudo contribui ao debate sobre implementação, ressaltando os impactos da assimetria informacional e do viés valorativo na adesão dos usuários.
https://doi.org/10.21723/riaee.v20i00.1986101
Downloads
Referências
ALON, S. Diversity, opportunity, and the shifting meritocracy in higher education. Stanford: Stanford Center on Poverty and Inequality, 2015. Disponível em: https://cpi.stanford.edu/_media/pdf/key_issues/ education_research.pdf. Acesso em: 6 set. 2025.
ARCIDIACONO, P.; LOVENHEIM, M. Affirmative action and the quality-fit trade-off. Journal of Economic Literature, Nashville, v. 54, n. 1, p. 3-51, 2016. DOI: http://doi.org/10.1257/jel.54.1.3.
BABBIE, E. Métodos de investigación por encuesta. Madri: Fondo de Cultura Economica de España, 1999.
BAGDE, S.; EPPLE, D.; TAYLOR, L. Does affirmative action work? Caste, gender, college quality, and academic success in India. The American Economic Review, Nashville, v. 106, n. 6, p. 1495-1521, 2016. DOI: http:// doi.org/10.1257/aer.20140783.
BATRUCH, A.; AUTIN, F.; BUTERA, F. Belief in school meritocracy and the legitimization of social and income inequality. Social Psychological and Personality Science, Thousand Oaks, v. 14, n. 5, p. 621-635, 2023. PMid:37223669.
BLACK, S. E.; DENNING, J. T.; ROTHSTEIN, J. Winners and losers? The effect of gaining and losing access to selective colleges on education and labor market outcomes. American Economic Journal. Applied Economics, Nashville, v. 12, n. 4, p. 144-177, 2020.
BLAKE, D.; MOYNIHAN, D. P. Political bias and the administrative state: experimental evidence from behavioral public administration. Public Administration Review, Washington, D.C., v. 80, n. 6, p. 943- 955, 2020. DOI: http://doi.org/10.1111/puar.13201.
BLEEMER, Z. Affirmative action, mismatch, and economic mobility after Proposition 209. The Quarterly Journal of Economics, Cambridge, v. 138, n. 2, p. 979-1036, 2023.
COOPER, R. et al. The impacts of preferential college admissions for the disadvantaged: experimental evidence from PACE in Chile. London: Institute for Fiscal Studies, 2022. (Working Paper).
DUBET, F. Les places et les chances: repenser la justice sociale. Paris: Seuil, 2008.
DUBET, F. Qual democratização do ensino superior? Caderno CRH, Salvador, v. 28, n. 74, p. 255-265, 2015. DOI: http://doi.org/10.9771/ccrh.v28i74.19896.
DZIMBIRI, L. B. Meritocracy: a remedy to addressing social injustices in higher education. Journal of Comparative & International Higher Education, Connecticut, v. 15, n. 5, p. 58-70, 2023. Disponível em: https://digitalcommons.lib.uconn.edu/jcihe/vol15/iss5/5. Acesso em: 6 set. 2025.
FOWLER JUNIOR, F. J. Pesquisa de levantamento. Tradução Rafael Padilla Ferreira. Porto Alegre: Penso, 2011.
FRANCIS, A. M.; TANNURI-PIANTO, M. Using Brazil’s racial continuum to examine the short-term effects of affirmative action in higher education. The Journal of Human Resources, Madison, v. 47, n. 3, p. 754- 784, 2012. DOI: http://doi.org/10.3368/jhr.47.3.754.
FRASER, N. Redistribution or recognition? A political-philosophical exchange. London: Verso, 2003.
GOMIDE, A. A.; MACHADO, R. A.; LINS, R. S. A variação das capacidades burocráticas na administração pública federal brasileira: uma análise com dados de survey. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 29, n. 100, p. 217-247, 2022. DOI: http://doi.org/10.1590/1984-92302022v29n0009EN.
HERD, P.; MOYNIHAN, D. P. Administrative burden: policymaking by other means. New York: Russell Sage Foundation, 2018
HERINGER, R. Affirmative action policies in higher education in Brazil. Social Sciences, Basel, v. 13, n. 1, p. 54, 2024.
HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2009.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo demográfico 2022: resultados preliminares. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/censo/. Acesso em: 1 out. 2025.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. Censo Escolar da Educação Básica 2023: notas estatísticas. Brasília: INEP, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/ inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/censo-escolar-2023. Acesso em: 1 out. 2025.
JILKE, S.; VAN RYZIN, G. G. Experiments in public management research: challenges and contributions. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.
LIPSKY, M. Street-level bureaucracy: dilemmas of the individual in public services. New York: Russell Sage Foundation, 1980.
MENEZES-FILHO, N.; MONTE, D.; VAZ, N. Spillover effects of affirmative action policies in Brazilian higher education. arXiv, Ithaca, 2023. No prelo. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2304.06445. Acesso em: 1 out. 2025.
MIJS, J. J. B. Learning about inequality in unequal America: how the social environment shapes adolescent beliefs about fairness and opportunity. Research in Social Stratification and Mobility, Greenwich, v. 84, p. 100758, 2023. DOI: http://doi.org/10.1016/j.rssm.2023.100814.
MORIGUCHI, C.; NARITA, Y.; TANAKA, A. Meritocracy and its discontents. arXiv, Ithaca, 2024. No prelo. DOI: http://doi.org/10.48550/arXiv.2402.04429.
RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
SANTOS, A. N. Educação antirracista e equidade racial no ensino fundamental: parâmetros para avaliação negociada do projeto político-pedagógico. Revista Parlamento e Sociedade, São Paulo, v. 10, n. 18, p. 95-116, 2022. Disponível em: https://parlamentoesociedade.emnuvens.com.br/revista/article/view/232. Acesso em: 1 out. 2025.
SANTOS, A. N.; PEREIRA, R. Diretores de escola na implementação das políticas de educação especial inclusiva em um município da Região Metropolitana de São Paulo. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, p. 2386-2404, 2022. DOI: http://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.3.16688.
TAYLOR, A.; SHALLISH, L. The logic of bio-meritocracy in the promotion of higher education equity. Disability & Society, Abingdon, v. 34, n. 7-8, p. 1200-1223, 2019. DOI: http://doi.org/10.1080/09687599.2019.1613962.
VALENTE, R. R. et al. Performance of students admitted through affirmative action in a Brazilian public medical school: a 15-year cohort study. PLoS One, San Francisco, v. 17, n. 5, e0268100, 2022. PMid:35511950.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Vanessa Ester Ferreira Nunes, Alexsandro do Nascimento Santos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Manuscritos aceitos e publicados são de propriedade dos autores com gestão da Ibero-American Journal of Studies in Education. É proibida a submissão total ou parcial do manuscrito a qualquer outro periódico. A responsabilidade pelo conteúdo dos artigos é exclusiva dos autores. A tradução para outro idioma é proibida sem a permissão por escrito do Editor ouvido pelo Comitê Editorial Científico.

