O curso de pedagogia em instituições de ensino superior de Teresina – Piauí, Brasil: incluindo ou excluindo os homens?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v13.nesp2.set2018.11658

Palavras-chave:

Masculinidades, Pedagogia, Educação infantil, Exclusão

Resumo

O presente estudo analisa o ingresso de homens e mulheres nos Cursos de Pedagogia de instituições de Ensino Superior de Teresina (PI) – Brasil, buscando compreender como as masculinidades e as feminilidades são construídas na cultura escolar desses cursos. Fez-se um diálogo interdisciplinar com os/as pesquisadores/as: Oliveira (2004); Burke (2004); Connell (1995); Júlia (2001); Lopes (1999); Louro (1997) e outros. Realizou-se uma pesquisa documental e de campo em seis instituições por meio de questionários e entrevistas com 94 sujeitos e análise de documentos institucionais. Chegou-se às seguintes conclusões: os currículos dos cursos de Pedagogia estudados têm sido ampliados, mas a comunidade acadêmica e escolar restringem-nos à formação para a Educação Infantil e por esse motivo rejeita os homens para esse nível de ensino; o magistério reflete uma cultura acadêmica e escolar subsistente que, a despeito dos anseios profissionais masculinos e femininos, foi historicamente marcado pela divisão sexual do trabalho em determinados espaços escolares. Em algumas experiências, o magistério é dimensionado por concepções que educam, transformam, mas também excluem, reproduzem preconceitos e estereótipos, consequências de fatores econômicos, sociais e culturais que ora estimulam os homens e mulheres à inserção, ora forçam-nos à evasão do referido campo de trabalho. Os homens e mulheres, no cotidiano acadêmico dos cursos pesquisados, não obstante os estereótipos e preconceitos sofridos e até a intolerância da comunidade ao curso que realizam, criam identidades, revelam sentimentos, adquirem habilidades, produzem conhecimentos e, mais que constroem ou reconstroem masculinidades e feminilidades, reinventam homens e mulheres professores/as.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jânio Jorge Vieira de Abreu, Universidade Estadual do Piauí – UESPI

Cursou Licenciatura Plena em Pedagogia (2000); Especialização em Supervisão Escolar (2001); Mestrado em Educação (2003) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Piauí (2017). É Professor Adjunto em Regime de Dedicação Exclusiva da Universidade Estadual do Piauí – UESPI onde atua nas Modalidades de Educação Presencial e a Distância com ênfase na Pesquisa Educacional, Educação e Diversidade Cultural; Educação, Movimentos Sociais e Diversidades; Fundamentos Antropológicos e Históricos da Educação e processos educativos escolares e não escolares. Na referida instituição idealizou o Programa “Caminhos da Pesquisa-Ação” através do qual desenvolve Projetos de Pesquisa e de Extensão e o “Núcleo de Estudos e Laboratório de Projetos de Pesquisa-Ação Social e Educativa” - NELPPASE voltados para a comunidade acadêmica e comunidades de Classes Populares de Teresina – PI, Brasil. Foi Coordenador Adjunto do Núcleo de Educação a Distância / UESPI; Diretor Financeiro da Associação dos Docentes da UESPI – ADCESP e outras funções. Representou a UESPI no Projeto de Intercâmbio Brasil/Itália (2004 a 2012) tendo participado de missões de pesquisa no Centro de Formação de Professores da Universidade de Estudos de Verona – Itália. Publicou dois livros, diversos capítulos de livros e inúmeros trabalhos em anais de eventos nacionais e internacionais. É Coordenador de Área do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID / Pedagogia - Campus Clóvis Moura - UESPI e Membro Pesquisador do Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica – OIIIIPe.

Referências

ABREU, Jânio Jorge Vieira de. Masculinidades e Educação Infantil na cultura escolar dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia de Teresina – PI, Brasil. 2017. 233 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Piauí, Teresina.

BARROSO, João. Os liceus: organização pedagógica e administração (1836–1960). Lisboa: Junta Nacional de Investigação Científica e Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. 2 v.

BRZEZINSKI, Iria. Pedagogia, pedagogos e formação de professores. 6 ed. São Paulo: Papirus, 2006.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

BURD, Miriam. Novas configurações familiares: desafios e soluções para a terapia familiar com pacientes crônicos. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.

CARVALHO, Marília Pinto de. No coração da sala de aula: gênero e trabalho docente nas séries iniciais. São Paulo: Xamã, 1999.

CONNELL, Robert W. Políticas da masculinidade. Educação & Realidade, São Paulo, p. 183-206, 1995.

DUARTE, Aparecida Rodrigues Silva. Cultura acadêmica e cultura escolar: relações entre matemáticos e professores de matemática. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 8, n. 25, p. 647-662, set./dez., 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positivo, 2009.

JÚLIA, Dominique. A cultura escolar como objeto historiográfico. Tradução: Gizele de Souza. Revista Brasileira de História da Educação. São Paulo, n. 1, p. 9-44, 2001.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005.

LOPES, Antonio de Pádua Carvalho. Imagens do masculino e do feminino: coeducação e profissão docente no Piauí 1894 – 1910. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Pesquisa em História da Educação: perspectiva de análises, objetivos e fontes. Belo Horizonte: Horta Grande, 1999. p. 95-110.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

MONTEIRO, Marko. Masculinidades em revista: 1960-1990. In: PRIORE, Mary del; AMANTINO, Marcia (Org.). História dos homens no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2013. p. 335-358.

NOLASCO, Sócrates Álvares. O mito da masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

OLIVEIRA, Pedro Paulo de. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2004.

PIMENTA, Selma Garrido. Panorama atual da didática no quadro das ciências da educação: educação, pedagogia e didática. In: PIMENTA, Selma Garrido. (Coord.). Pedagogia, ciência da educação? São Paulo: Cortez, 2001. p. 39-70.

PINCINATO, Daiane Antunes Vieira. Homens e masculinidades na cultura do magistério: uma escolha pelo possível, um lugar para brilhar (São Paulo, 1950 – 1989). 2007. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP, São Paulo.

SOARES, Norma Patrycia Lopes. Escola Normal de Teresina (1864 – 2003): reconstruindo uma memória da formação de professores. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Piauí, Teresina.

WHITE, Leslie. Os símbolos e o comportamento humano. In: CARDOSO, Fernando Henrique; IANNI, Otávio (Org.). Homem e sociedade: leituras de sociologia geral. São Paulo: Nacional, 1968. p. 193-201.

Downloads

Publicado

01/09/2018

Como Citar

ABREU, J. J. V. de. O curso de pedagogia em instituições de ensino superior de Teresina – Piauí, Brasil: incluindo ou excluindo os homens?. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 13, n. esp.2, p. 1518–1534, 2018. DOI: 10.21723/riaee.v13.nesp2.set2018.11658. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/11658. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos teóricos