Medicalização da educação e os sentidos do não aprender discursivizados na documentação pedagógica: um olhar para o discurso da escola
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp5.14567Palavras-chave:
Medicalização da educação, Doenças do não aprender, Linguagem EscritaResumo
No campo da educação, há uma rede de explicações medicalizadoras e patologizadoras que buscam justificar o não aprender, sob a qual proliferam doenças do não aprender atribuídas a alunos em fase inicial do processo formal de apropriação da escrita. Com base em tais ideias, o presente estudo objetivou compreender os sentidos sobre o não aprender nos discursos escritos de uma escola de Ensino Fundamental apontada, num município de médio porte do interior paulista, como a que possui o maior número de professores com queixas sobre alunos que não aprendem. A partir de pesquisa documental, o processo de geração e compreensão dos dados aqui considerados se remete especificamente à situação de duas crianças matriculadas em classes de 1º e 2º anos, respectivamente. Os resultados, pautados nos enunciados discursivizados pela escola, nessa documentação, indiciaram um processo de assujeitamento dessas crianças do processo de apropriação dessa modalidade de linguagem, bem como a naturalização de sentidos do não aprender constituídos sob tendências medicalizadora e patologizadora dos processos educativos.
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