Política de avaliação da pós-graduação
percepções dos coordenadores dos programas de pós-graduação em uma universidade pública brasileira
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v29i00.19955Palavras-chave:
Agentes implementadores, Avaliação, Educação superior, Implementação de políticas educacionais, Pós-graduaçãoResumo
No Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é a agência federal responsável pelas diretrizes associadas à pós-graduação e à avaliação dos programas. A política de avaliação enfatiza a competitividade e a performance das instituições e dos pesquisadores, na medida em que condiciona o recurso financeiro aos resultados obtidos. Os professores e as instituições de ensino assumem a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de seus programas. Considerando a importância dos coordenadores dos programas para a implementação da política de avaliação da pós-graduação, este artigo analisa essa dinâmica e as práticas e estratégias adotadas por esses atores na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Os dados advêm de entrevistas realizadas com cinco coordenadores de programas de cinco áreas: (1) Ciências Humanas, Letras e Artes; (2) Ciências Exatas e da Terra; (3) Engenharias; (4) Ciências da Vida e (5) Ciências Sociais Aplicadas. As entrevistas abrangeram três dimensões: (i) Percepções sobre a Pós-Graduação no Brasil; (ii) Percepções sobre a Pós-Graduação na UFOP e (iii) Percepções sobre a Pós-Graduação no seu Programa e estratégias de atuação como Coordenador. As análises reforçam a tese de que há um processo de reconfiguração da educação superior pública. As entrevistas revelam que o condicionamento do financiamento à obtenção de resultados agrava a competição, a mercantilização do conhecimento, a precarização do trabalho docente e o adoecimento dos sujeitos envolvidos. A política fiscal recessiva tem reforçado o primado do orçamento sobre a função social da pós-graduação e da Universidade.
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