O tratamento aos mutantes como alegoria da patologização de sujeitos de gêneros não-inteligíveis: uma leitura a partir das hq dos x-men

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22633/rpge.v24i1.13058

Palavras-chave:

Gênero não-inteligível, Educação sexual, Diversidade sexual.

Resumo

As personagens das histórias em quadrinhos têm ganhado notoriedade ao se transpor ao mundo do cinema e da TV, em especial os X-men. Com grande potencial de reproduzir percepções e concepções sobre os mais variados aspectos da vida humana, as HQ têm servido como pano de fundo para reflexões sobre questões socioculturais e morais. Tendo como fonte de pesquisa as edições de 1 a 6 do arco Superdotados da revista Os Surpreendentes X-men, relacionaremos a patologização dos mutantes da HQ como alegoria à patologização de minorias sexuais, oferecendo material para reflexão e trabalho pelo respeito à diversidade sexual. Entendendo a oferta de uma cura mutante como alegoria da cura gay, desvelaremos a alegoria subjacente na condição das personagens e sua luta contra a patologização da condição de mutante relacionando à mesma situação com os ditos gêneros não-inteligíveis.

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Biografia do Autor

Fábio Mahal da Silva Gonçalves, Universidade do Estado de São Paulo (UNESP)

Graduação em Letras (UNESP/FCL-Araraquara-2004), Pedagogia (Instituto Dottori - São Paulo -2016), Pós-graduando em Educação Sexual-FCL/Unesp-Araraquara.

Atuei como Professor de Língua Portuguesa na rede municipal de Araraquara (2007-2017), Professor Coordenador na Rde Municipal de Araraquara (2011-2007), Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo (2014-2017) e atualmente exerço a função de Assistente Educacional Pedagógico junto à rede municipal de Araraquara. Fiz parte do Conselho Municipal de Educação de 2011-2017, como representante dos professores de Ensino Fundamental II e atualmente sou secretário no Conselho Municipal de Combate à Discriminação e Racismo.

Fábio Tadeu Reina, Universidade de Araraquara (Uniara), Araraquara – SP – Brasil. Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara – SP

Professor graduado em Educação Física desde o ano de 1986 ; Pedagogo com habilitação profissional em Administração e Supervisão escolar desde o ano de 1989, Mestrado e doutorado concluídos, na Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara SP) no Programa de Educação Escolar, respectivamente nos anos de 2006 e 2009. Pós-doutorado concluído no ano de 2011 e realizado junto ao núcleo de Sexualidade (NUSEX), vinculado ao departamento de Psicologia da Educação da Universidade Estadual Júlio de mesquita Filho (UNESP- Campus de Araraquara).

Ranyella Cristina de Siqueira, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara – SP

Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Unesp, com período de intercâmbio na Universidade de Santiago de Compostela, Espanha  e Mestre em Educação Sexual pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Foi bolsista FAPESP com ênfase em psicologia social e filosofia com o estudo da conceituação de estigma em ressonância com o pensamento de Michel de Foucault. Estagiou como pesquisadora na área de psicanálise com o tema violência doméstica e o desenvolvimento infantil. Tem experiência de estágios na área de psicologia clínica sob abordagem psicanalítica de Freud e Lacan, tendo trabalhado com crianças e adultos na Clínica de Pesquisa e Psicologia Aplicada da Unesp. Tem experiência na área de psicologia hospitalar, tendo sido estagiária no Hospital Regional de Assis na clínica médica. Trabalhou na área de atendimento psicoterápico clínico para crianças, adolescentes e adultos na Unimed.

Marco Aurélio de Carvalho, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara – SP

Graduado em Psicologia pela Universidade Paulista - UNIP e atualmente cursa o programa de Mestrado Profissional em Educação Sexual da Universidade Estadual Paulista- UNESP. Atualmente é conselheiro no Conselho Municipal LGBTIQ+ do município de Araraquara - SP. É membro do grupo de pesquisa em Psicanálise: Clínica, Teoria e Cultura. Atua nas áreas de Psicologia Social, Estudos de Gênero, Teoria Queer e Educação Sexual.

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Publicado

06/01/2020

Como Citar

GONÇALVES, F. M. da S.; REINA, F. T.; SIQUEIRA, R. C. de; CARVALHO, M. A. de. O tratamento aos mutantes como alegoria da patologização de sujeitos de gêneros não-inteligíveis: uma leitura a partir das hq dos x-men. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. 1, p. 224–246, 2020. DOI: 10.22633/rpge.v24i1.13058. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/13058. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos