Inclusão, educação superior e educação do/no campo: o PRONERA no contexto do capital

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22633/rpge.v24iesp2.14332

Palavras-chave:

Inclusão, Políticas de educação superior, Educação do/no campo.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA – como programa de educação superior que visa à inclusão nesse nível de educação, mas que encontra resistência nas características de um sistema que não possibilita o acesso de todos à educação. Esse programa é identificado como política de Estado que vem se mantendo há 21 anos, por meio de embates, lutas e reivindicações, contrapondo-se à lógica de educação rural engessada, e propõe uma educação emancipadora, descolonizadora. A pesquisa é de cunho bibliográfico e documental e, para subsidiar as análises tecidas, recorre-se a autores que refletem sobre a luta de terras e reforma agrária, Educação do Campo, Pedagogia Alternância, Educação Superior, a fim de dialogar com Mészaros e Demir sobre a crise estrutural do capital e suas implicações na educação do campo, com recorte no PRONERA. Conclui-se que as políticas de inclusão possibilitaram o desenvolvimento do PRONERA, mas mantêm a lógica neoliberal como estruturante desse Programa que, ao ter como mentor um governo ultra neoliberal, tem seus princípios abalados pela falta de recursos e pela priorização de uma educação privatizada e meritocrática.

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Biografia do Autor

Carina Elisabeth Maciel, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação. Pós-Doutorado em Educação (UNIMAT).

Celia Beatriz Piatti, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação. Doutorado em Educação (UFMS).

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Publicado

14/11/2020

Como Citar

MACIEL, C. E.; PIATTI, C. B.; SOUZA, G. da R. Inclusão, educação superior e educação do/no campo: o PRONERA no contexto do capital. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. esp2, p. 1068–1092, 2020. DOI: 10.22633/rpge.v24iesp2.14332. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/14332. Acesso em: 28 mar. 2024.

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