Concepções sobre gênero e formação no campo da psicologia da saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.2.12610

Palavras-chave:

Gênero, Saúde, Ensino, Psicologia.

Resumo

A reflexão sobre o gênero na atuação profissional e no ensino dos cursos de graduação contribuem significativamente para pensar novas formas de instrumentalizar práticas. Modelos de masculinidades e feminilidades mantêm e são mantidos por discursos sexistas em diferentes cenários, incluindo o contexto da saúde. A noção de uma predisposição feminina a distúrbios físicos e emocionais, baseada em padrões sociais de fragilidade, culminou na criação de especialidades em saúde que visam a prevenir o adoecimento. O masculino, permeado por noções de resistência e força, se tornou sinônimo de corpo saudável, ratificando a dominação masculina e o papel político e econômico dos homens, influenciando o distanciamento dos homens nos cuidados com saúde. Este estudo investigou as concepções de 05 psicólogas atuantes no contexto hospitalar e ambulatorial sobre relações de gênero e saúde, por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo. Os dados ratificam outros achados de pesquisas no campo da saúde ao indicar o processo de generificação de práticas em saúde e seus possíveis desdobramentos no atendimento prestado. Os resultados obtidos poderão contribuir para a discussão da assistência psicológica prestada e as relações de gênero, bem como contribuir para uma formação que aborde as questões de gênero de forma interdisciplinar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Florêncio Mariano da Costa-Júnior, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Araraquara - SP

Docente do Programa de Pós-graduação em Educação Sexual. Professor na Faculdades Integradas de Bauru.

Bettina dos Santos Almeida, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bauru - SP

Discente no Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.

Rinaldo Correr, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Araraquara - SP

Docente do Programa de Pós-graduação em Educação Sexual. Professor na Faculdades Integradas de Bauru.

Referências

AFONSO, J. de A. Masculino e feminino: alguns aspectos da perspectiva psicanalítica. Scielo.com, 2007.

AQUINO, E. M. L. Saúde do homem: uma nova etapa da medicalização da sexualidade? Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, ano 10, n. 1, p. 18-34, 2005.

BANDURA, A. Psychological Modeling: conflicting theories. Chicago: Aldine-Atherton Publ. Co., 1971.

BARBOSA, R. T. de O. Um olhar no tema de homens e masculinidades sobre a saúde do trabalhador. In: SEMINARIO DE SAUDE DO TRABALHADOR DE FRANCA, p. 7, 2010.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

BENITES, A. P. O.; BARBARINI, N. Histórias de vida de mulheres e saúde da família: algumas reflexões sobre gênero. Scielo, 2009.

BIAGGIO, A. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1976.

BRAZ, M. A construção da subjetividade masculina e seu impacto sobre a saúde do homem: reflexão bioética sobre justiça distributiva. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 97-140, 2005.

CAMPOS, L. F. L. Métodos e Técnicas de pesquisa em Psicologia. Campinas, Editora Alínea, 2000.

CECCARELLI, P. R. Diferenças sexuais? Quantas existem? Ceccarelli.psc.br, 1999.

COLOM, R.; ZARO, M. J. Psicologia: das diferenças de sexo. São Paulo, 1. ed., Vetor Editora, 2007.

CONNELL, R. W. Políticas da Masculinidade. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, p. 185-206, 1995.

COSTA-JUNIOR, F. M. Concepções de médicos/as e enfermeiros/as sobre questões de gênero na saúde. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem), Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2010.

COSTA-JÚNIOR, F. M.; COUTO, M. T.; MAIA, A. C. B. Gênero e cuidados em saúde: Concepções de profissionais que atuam no contexto ambulatorial e hospitalar. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), n. 23, p. 97-117, 2016.

COSTA-JUNIOR, F. M.; MAIA, A. C. B. Concepções de homens hospitalizados sobre a relação entre gênero e saúde. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 25, n. 1, p. 55-63, 2009

COSTA, T.; et al. Naturalization and medicalization of the female body: social control through reproduction. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v. 10, n. 20, p. 363-80, jul./dez., 2006.

COURTENAY, W. H. Constructions of masculinity and their influence on men's well-being: a theory of gender and health. Social Science & Medicine, v. 50, p. 1385-1401, 2000.

COUTO, M. T.; GOMES, R. Homens, saúde e políticas públicas: a equidade de gênero em questão. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 10, out., 2012.

DOYAL, L. Sex, Gender, and health: the need for a new approach. British Medical Journal, v. 323, p. 1061-1063. 2001.

FAGUNDES, A. L. M.; ALMEIDA, A. S.; ANDRADE, D.; MIRANDA, H. Gênero e Psicologia: Um debate em construção no CRP- 03. In: XV Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO, 15, Maceió, Anais ABRAPSO, Maceió: p. 1-10, 2009.

FERNANDES, L.; CARVALHO, M. C.; Por onde anda o que se oculta: os acessos a mundos sociais de consumidores problemáticos de drogas através do método do snowball. Revista Toxicodependências, v. 6, n. 3, p. 17-28, 2000.

FERRAZ, D.; KRAICZYK, J. Gênero e Políticas Públicas de Saúde – construindo respostas para o enfrentamento das desigualdades no âmbito do SUS. Revista de Psicologia da UNESP, v. 9, n. 1, p. 70-82, 2017.

FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 105-109, 2005.

FIGUEIREDO, W. S. Masculinidades e cuidado: diversidade e necessidades de saúde dos homens na atenção primária. Tese (Doutorado em Medicina Preventiva) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

FIGUEIREDO, W. S.; SCHRAIBER, L. B.; Concepções de gênero de homens usuários e profissionais de saúde de serviços de atenção primária e os possíveis impactos na saúde da população masculina; Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, v. 16, Supl. 1, p. 935-944, 2011.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro, 3. ed., Graal, 1982

GOMES, R. Sexualidade masculina e saúde do homem: proposta para uma discussão. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 825-829, 2003.

GOMES, R. Sexualidade masculina, Gênero e Saúde. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2008.

GOMES, R.; NASCIMENTO, E. F.; ARAÚJO, F. C. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e de homens com ensino superior. Cad. de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 556-574, 2007.

INSTITUTO DE SAÚDE. Saúde do homem no SUS. São Paulo, v. 14, 2012.

KOFES, S. Categorias analítica e empíricas: gênero e mulher. Ufsc.br, 1992.

KOHLBERG, L. A Cognitive-Developmental Analysis of Children’s Sex-role Concepts and Atittudes. In: Maccoby, E. The Development of Sex Differences. Califórnia: Stanford Univ. Press, p. 67-78, 1966.

KORIN, D. Nuevas perspectivas de gênero en salud. Adolescência Latinoamericana, v. 2, n. 2, p. 67-79. 2001.

KRIEGER, N.; FEE, E. Man-made medicine and women’s health: the biopolitics of sex/gender and race/ethnicity. International Journalof Health Services, v. 24, n. 2, p. 265-283, 1994.

LAMAS, M. O Gênero é cultura? In: V Campus euroamericano de cooperação cultural, Almada, 2007.

MACHADO, I. V.; BARRETO, L. C.; GROSSI, M. P. Processos de ensino e aprendizado de gênero e sexualidades em contexto interdisciplinares. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 47, n. 1, p. 67-80, abr., 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/2178-4582.2013v47n1p67/26177. Acesso em: 25 ago. 2015.

MACINTYRE, S.; FORD, G. E.; HUNT, K. Do women “over-report” morbidity? Men's and women's responses to structured prompting on a standard question on long standing illness. Social Science & Medicine, v. 48, p. 89-98, 1999.

MANZINI, E. J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: Anais do Seminário internacional sobre pesquisa e estudos qualitativos, 2, 2004, Bauru. A Pesquisa qualitativa em Debate. Bauru: USC, 2004.

MARTIN, V.B.; ANGELO, M. O significado do conceito saúde na perspectiva de famílias em situação de risco pessoal e social. São Paulo, 1996.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento - pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo (SP), Hucitec, 2006.

MIRANDA, D. S.; LOBATO, S. M. R. Processos de adoecimento ligados ao gênero: uma história de (des)valorização dos múltiplos papéis femininos; Artigocientífico.uol; Belém – PA, 2011.

NEGREIROS, T. C. de G. M.; FERES-CARNEIRO, T.; Masculino e feminino na família contemporânea. Estud. Pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jun., 2004.

NUERNBERG, A. H. Gênero no contexto da produção científica brasileira em psicologia. 2005. 342f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Florianópolis, 2005.

ROHDEN, F. Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.

ROHDEN, F. Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX. Horiz. Antropol. Porto Alegre, v. 8, n. 17, 2002.

ROHDEN, F. A construção da diferença sexual na medicina. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 201-212, 2003.

ROSA, M. V. F. P. C.; ARNOLDI, M. A. G. C. A entrevista na pesquisa qualitativa: mecanismo para validação dos resultados. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

SCHRAIBER, L. B.; GOMES, R.; COUTO, M. T. Homens e saúde na pauta da saúde coletiva. Ciênc. Saúde Coletiva [online]. 2005.

SCOTT, J. W., Gender and the politics of history, Columbia University Press, New York, 1988.

TEIXEIRA, J. A. C.; CORREIA, A. R. Fragilidade Social e Psicologia da Saúde- Um exemplo de influencias do contexto sobre a saúde. Análise Psicológica, Lisboa, 2002.

VERBRUGGE, L. M. The Twain Meet: Empirical Explanations of Sex Differences in Health and Mortality. Journalof Health and Social Behavior, v. 30, p. 282-304, 1989.

VIEIRA, E. M.; Medicalização do corpo feminino. Editora Fio Cruz; 2002.

Publicado

01/06/2019

Como Citar

COSTA-JÚNIOR, F. M. da; ALMEIDA, B. dos S.; CORRER, R. Concepções sobre gênero e formação no campo da psicologia da saúde. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 14, n. esp.2, p. 1441–1464, 2019. DOI: 10.21723/riaee.v14iesp.2.12610. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/12610. Acesso em: 29 mar. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.